A República da Líbano foi abalada por explosão gigantesca no depósito de nitrato de amônio, mercadoria abandonada no porto de Beirute há seis anos. Eram mais de duas mil toneladas do produto. Técnicos analisam as causas da explosão registrada na capital libanesa. Inicialmente se presume que o desastre tenha ocorrido acidentalmente. Beirute é uma das cidades mais antigas da civilização do Oriente Médio. Remonta de 1.500 anos antes de Cristo, após sofrer tomada por diferentes exércitos, por ser ponto estratégico para o comércio a leste do mar Mediterrâneo. Durante longo período foi dominação do Império Romano que invadiu a Ásia Ocidental. Preponderam no país as religiões católica e muçulmana com acentuada influência no comando político. Mais recentemente o território que faz fronteira com a Síria vem sofrendo boicotes econômicos ditados pelo controle dos EUA. No início deste século o Líbano sofreu bombardeio israelense no conflito com aquele país. Nas últimas décadas o Líbano enfrentou fuga de sua população, hoje reduzida a menos de 7 milhões de habitantes, num território de pouco mais de 10 mil quilômetros quadrados. Comenta-se que o reduto mais populoso de libaneses está no território brasileiro. A miséria, pela limitação de sua economia, tem persistido nos últimos anos, com sérios problemas de saneamento, incluindo histórico de corrupção no governo. A cidade foi arrasada em segundos com a explosão. Edifícios próximos ao porto foram esfacelados e densa fumaça cobriu o céu. O impacto explosivo causou destruição num raio de vários quilômetros por terra e mar. O número estimado em 100 pessoas mortas poderá confirmar tragédia maior, além dos 4 mil feridos. Países da Europa, especialmente Alemanha e França mobilizam os primeiros socorros. Há consternação mundial, no momento em que o Líbano encaminhava lentamente o enfrentamento à contaminação pelo Covid-19. Médicos de várias partes do mundo são mobilizados para prestar socorro. Pobre gente! Até para nós, brasileiros, abalados por quase cem mil mortes pela voracidade da pandemia, torna-se doloroso, já que a comparação nos casos de morte vai muito além dos números citados. Há freqüentes casos de parentesco no Brasil. Na minha família, tenho sobrinhos nascidos neste território, alguns já morando em nossa região.
Nessa tragédia, os noticiários internacionais relatam cenas de solidariedade entre famílias libanesas, para que os mais aflitos tenham meios de suportar a destruição completa de suas casas e do patrimônio.
Mulheres sofrem
Persistem os números que apontam para a violência contra a mulher brasileira. Anuncia-se o crescimento das agressões e mortes no âmbito das relações familiares em torno de 30%. Fala-se no agravamento ocorrido durante o período da pandemia. Tais violações, como se sabe, não ficam restritas a uma mulher apenas, o que seria de todo deplorável. As agressões, no entanto, desmantelam liames familiares, causando traumas gravíssimos para os filhos infantes. Nem de longe o açodamento do ódio num casal pode alegar como desculpa os constrangimentos gerados pelo coronavírus. O que agrava o presente e o futuro é a ausência de compaixão, sentimento exercido pelos dois lados do relacionamento humano.
Nababos do Paranoá
O contexto da consciência coletiva está a exigir mais respeito em relação à dor comunitária. Além das posições polêmicas entre os que preferem suportar mais a dor do isolamento para preservar a vida e os mais ousados na ânsia de retomar a produção, há fragrante desrespeito. Surgem atitudes deploráveis como apêndice do mal. São os prepotentes, fora do circuito moralmente ponderável. Referimo-nos aos que desprezam a maioria sofredora, entorpecidos pela crueldade, para exibir despudorada supremacia. Não bastasse o caótico abismo nas condições humanas e econômicas, temos que suportar manifestações desmedidas alheias a tudo. Algumas dessas exibições idiotas foram flagradas em Brasília, na circulação folgada de lanchas lotadas de gente e bebida alcoólica, sem qualquer exortação. Além de ofenderam recomendação do distanciamento fazem questão de promover a histeria nababesca, poluindo com embarcações o lago de Paranoá. A mesma ostentação de irresponsabilidade social ocorre em festas clandestinas e muita aglomeração desnecessária. É impossível fiscalizar tudo. É revoltante.