Há 50 anos aportamos na terra do Teixeirinha, mas não somente dele. Era terra dos Grazziotin, dos Sobesiak, de Pedro Timm, de Darcelio Brito, de João Café, de Geremias, Jorge Berthier, Ivo Biasuz, Romeu Martinelli, de Trein, dos Salton, Flavio Araújo, do Helio-Cacimba, Olyquerque, Valter Zamprogna...Era terra de Meirelles, Santarém, dos Freitags, Jarbas, Duarzan, Belém, Dino Rosa, de José Ernani, Guaraci, Valter Filho e tantos outras personalidades que me fogem à memória subitamente...terra de cantores, poetas, empreendedores, terra dos folclores...era também a capital dos CTGs e dos grandes bailes. De tudo isso e muito mais, eu nada sabia. Sabia, no entanto, da grande avenida Brasil, da larga avenida Rio Grande, dos nossos 2 clubes na primeira divisão do Gauchão, da incipiente Faculdade de Medicina.
Custei a amá-la como ela merecia. Sempre comparava com meu torrão natal, minha Cruz Alta. Passo Fundo contava com pouco mais de 70 mil habitantes, em 1970 e Cruz Alta com pouco menos. Havia 232 cidades no estado e nossa Passinho estava em 6º lugar no ranking de arrecadação, Cruz Alta em 7º (hoje 23º).
Há 163 anos Cruz Alta libertou Passo Fundo, como faria com mais de 250 municípios a ela ligados. A terra de Erico comportou-se a seus filhos como se dissesse a eles: “vão, podem voar pelas próprias asas; ficarei aqui, na retaguarda com os grandes nomes que ajudaram a compor a identidade do Rio Grande; ficarei aqui com Erico, Justino Martins, Pinheiro Machado, Julio de Castilhos”...O tempo e o vento estacionaram na minha cidade e lá está ela, em minhas lembranças eternas, nas brincadeiras de criança, jogo de bolita, do osso, futebol de pés descalços, sem futuro e nem passado, somente o presente, como presente de Deus. Nada havia além dela, Cruz Alta; nada havia além do Guarani, Nacional e Riograndense; nada necessitava haver.
Então, veio Passo Fundo, novos ares, novos tempos, novos ventos; amizades, amores juvenis e a paixão arrebatadora; veio não somente a mim, veio a meus pais que aqui pediram para morar pra sempre, para a eternidade. Um lugar se faz também pelas belezas naturais, é vero. Mas, absolutamente, um local é o que é pelas pessoas e pelo que elas realizam neste local. E aqui há muita gente boa; e aqui há muito que podemos realizar.
Sempre que estou em São Paulo, num evento médico e digo que sou de Passo Fundo, os médicos mais antigos perguntam do Dr Carlos Madalosso. Fico tocado com a lembrança...grande Dr Madalosso. E é na pessoa dele e de tanta gente bacana que concluo o que dizem não ser possível: ter dois amores simultâneos! E eu os tenho, Cruz Alta e Passo Fundo, pela geografia e pelas pessoas honradas que aqui conheci.