A Igreja celebra, neste domingo, a solenidade da Assunção de Nossa Senhora. A festa da Assunção tem a marca da alegria, da vitória, da coroação vitoriosa de toda vida de Maria. Mostra que o amor é mais forte do que a morte. Depois de cumprir sua missão Maria é acolhida no céu. Dentro do mês vocacional de agosto é a Semana da Vida Consagrada que solicita a nossa oração, reflexão e o agradecimento pela vida e missão de milhares de religiosas e religiosos.
O evangelho de Lucas 1,39-56 conta-nos o encontro alegre e festivo de Maria com Isabel e termina com o “Magnificat”: a minha alma “engrandece o Senhor”, ou seja, proclama que Deus é grande. Este cântico, pode-se dizer, é um retrato que revela quem é Maria.
Maria deseja que Deus seja grande no mundo, seja grande na sua vida, esteja presente em todos os ambientes. Não teme que Deus possa ser um “concorrente” na sua vida, que possa tirar sua liberdade, seu espaço, diminuí-la como pessoa. No núcleo do pecado original está em ver a Deus como “concorrente”, pois o desejo eram tornarem-se como deuses. Para tal, era necessário pôr Deus de lado para terem espaço para eles mesmos. Esta tentação perpassa os séculos e encontra-se bem presente e pensa-se: “este Deus não deixa espaço para nossa liberdade, torna o caminho estreito propondo os mandamentos. Sem Deus seremos livres e podemos fazer o que convier, seremos autônomos seguindo somente nossas ideias sem que ninguém nos questione”. Porém onde desaparece Deus, o homem não ser torna grande, nem mais livre; ao contrário perde a sua dignidade divina, perde o esplendor divino no rosto, perde a transcendência.
O “Magnificat” é uma poesia totalmente original, mas ao mesmo tempo é uma poesia feita totalmente com “fios” do Antigo Testamento, feita com a Palavra de Deus que orientou o Povo de Deus. Mostra-nos que Maria era visceralmente comprometida com a vida de seu povo, tanto do passado como do presente; vivia da Palavra de Deus; estava impregnada dela, fazia parte de seus pensamentos, de seus sentimentos, juízos e estava sempre na sua boca. Maria vivia da Palavra de Deus, por isso era cheia de graça, bendita, mulher de fé.
A vida religiosa consagrada tem sua fonte e seu sustento na grandeza de Deus e na sua Palavra, assim como Maria. Os pilares que sustentam a vida consagrada são os três conselhos do Evangelho: pobreza, obediência e castidade. Através da obediência, assim como Maria, os religiosos engrandecem a Deus. Ele não visto como concorrente da realização e da felicidade humana. Muito pelo contrário, abrindo mão das próprias ideias e mesmo de vaidades, são os ensinamentos da Palavra de Deus o caminho da vida consagrada.
Jesus dava atenção a todos e ensinava a todos promovendo a dignidade e sua inclusão na sociedade. Para que isto possa acontecer, o acesso aos bens é um direito de todos. Os bens estão a serviço de todas as pessoas. A vida religiosa escolhe livremente usar os bens de forma comunitária. Faz durante toda a vida o exercício da partilha diária das coisas e um exercício constante de desapego. Isto se constitui uma provocação para a sociedade que tem a marca da concentração dos bens. É um modelo de administração dos bens pensando no próximo.
O voto de castidade situa-se no âmbito do amor incondicional a Cristo e na colaboração do seu projeto de anunciar e propagar o Reino de Deus. É a opção de se dedicar integralmente à causa de Deus.
Obrigado a todas as religiosas e religiosos pelo vosso ser, pela presença e missão. Deus os abençoe.