Os textos bíblicos que a liturgia dominical nos oferece então em sintonia com o mês vocacional e o Dia dos Catequistas. Os discípulos que acompanhavam Jesus, aos poucos, foram compreendendo quem era Jesus, as consequências do seguimento e também quais opções deveriam fazer para assemelharem-se ao mestre e depois levarem adiante a missão. Mateus 16, 21-27 relata que Jesus fala de cruz, de sofrimento e os discípulos reagem dizendo que isto não vai acontecer. Recebem como resposta: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la”.
O profeta Jeremias 20, 7-9 testemunha que foi totalmente envolvido pelo chamado de Deus e a missão que lhe tinha confiado. “Seduziste-te, Senhor, e deixei-me seduzir; foste mais forte, tiveste mais poder”. “Senti, então dentro de mim um fogo ardente a penetrar-me o corpo todo”.
São Paulo conta que o encontro com Cristo ressuscitado o derrubou e a luz foi tão forte que ficou cego. Este encontro transformou a sua vida, dando um novo rumo e assumindo a missão de apresentar ao mundo Aquele transforma a vida e o mundo. Por isso pode escrever aos Romanos 12,1-2: “Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”.
O profeta Jeremias, os apóstolos e Paulo foram chamados e envolvidos pelo amor de Deus que os chamou para si. Um encontro marcante, envolvente, às vezes, até conflituoso. Progressivamente foram renunciando a si mesmos, isto é, as suas ideias, ao seu modo de ver o mundo, as relações sociais, a economia, a política, a sua compreensão de Deus para se sintonizarem com o modo de ser, pensar e agir de Jesus. As renúncias não foram perdas que os diminuíram. Foram renúncias para abraçar uma causa maior, como disse Jesus “por causa de mim”. Certamente, olhando para Jesus Cristo não vemos nele um derrotado, um fracassado. E a causa pela qual foi crucificado, a salvação dos homens, é uma causa pela qual vale oferecer livremente a vida.
No domingo dedicado aos catequistas quero citar o “Diretório para a Catequese” do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, publicado em 23 de março de 2020. Falando sobre a identidade e a vocação do catequista (110-113) ensina: “são testemunhas do anúncio do Evangelho com a Palavra e com o exemplo de vida cristã. (...) No conjunto dos ministérios e serviços, com os quais a igreja cumpre a sua missão evangelizadora, o ministério da catequese ocupa um lugar significativo, indispensável para o crescimento da fé. (...) A vocação específica do catequista, portanto, tem sua raiz na vocação comum do povo de Deus, chamado a servir o desígnio salvífico de Deus em favor da humanidade. (...) O catequista pertence a uma comunidade cristã e dela é expressão. (...) O catequista é um cristão que recebe o chamado particular de Deus que, acolhido na fé, o capacita ao serviço da transmissão da fé e à missão de iniciar à vida cristã”.
Louvado seja Deus pela vida e missão de todos os catequistas que se encantaram pela causa de Cristo, fazem renúncias, oferecem a sua vida e se empenham para conformar a vida dos catequizandos à vida de Jesus Cristo! Catequistas que Deus as/os abençoe.