BAIRRO VALINHOS: Grafite em homenagem ao Pantera Negra

Arte foi motivada também pelo movimento negro que o ator e personagem representam

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O grafite está na parede de uma casa de madeira (Foto: Lucas Marques / ON)O grafite está na parede de uma casa de madeira (Foto: Lucas Marques / ON)
O grafite está na parede de uma casa de madeira (Foto: Lucas Marques / ON)
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O ator Chadwick Boseman, que deu vida no cinema ao super-herói Pantera Negra da Marvel, teve sua morte anunciada na última sexta-feira (28). Assim como o herói que representou, Chadwick é um símbolo do movimento negro e tem recebido inúmeras homenagens. Uma delas é um graffiti art do artista passo-fundense Pedro Benjamim, conhecido como Chimia, no bairro Valinhos. O desenho com o rosto do ator e a máscara do super-herói está estampado em uma parede de madeira, em uma rua simples de chão batido.

O local para arte, uma parede da casa de uma das Mães da Favela, assistida pela Central Única das Favelas (CUFA), já estava escolhido, faltava o desenho. Após a morte do ator, surgiu a ideia da homenagem. “Pelo momento que está acontecendo, essa guerra, esse racismo que sempre existiu”, explicou Chimia. Além disso, ele é um grande fã do personagem e do que ele representa. “Foi algo que me inspirou bastante”, disse o artista. Um dos seus focos são as crianças. “Ampliar mais o leque de possibilidades de trabalho, de visão de vida adulta para essas crianças”, ressaltou Chimia.

Chimia já tem o costume de trabalhar em comunidades (Foto: Diogo Zanatta)

Parceria

O grafite foi criado em uma parceria com a CUFA de Passo Fundo. “Escolhemos inserir essa arte na favela pois a favela não é carência e sim potência”, destacou o coordenador, Marcelo Godoy. A história do ator e significado do super-herói são destacados por Marcelo. “Esse super-herói é uma esperança”, frisou. 

O processo de criação não foi fácil, considerando que a casa está em um barranco e exigiu o uso de escadas. “Mas eu gosto de desafios”, contou o artista. Durante o processo, muitas pessoas e crianças interagiram com ele. “Não é algo que é sempre visto na prática, as pessoas costumam ver a arte já feita, pronta”, destacou Chimia. 

O grafite chamou a atenção das crianças do bairro (Foto: Diogo Zanatta)

Acesso à arte 

A arte acessível também é um dos objetivos dele, que já tem o costume de grafitar em comunidades e periferias. “Que eles não precisem vir até o centro pra ver, que eles possam sair na porta de casa e ver uma arte para inspirar seu dia e começar a correria de trabalho, de crianças indo estudar e tudo o mais”, explicou o artista.

O resultado parece ter sido aprovado pela comunidade. “Nos momentos que eu estava lá, todo mundo que passou sempre olhou, fez um elogio, comentou, cochichou", disse Chimia. "A comunidade adorou, todo mundo para para fotografar e é um símbolo, já virou um símbolo muito forte da Valinhos”, conta Marcelo.

A arte foi uma doação do artista. “Faço totalmente por amor a isso tudo, sendo uma parte do grafite que eu vivo dele, que eu recebo para fazer, e essa é uma parte que eu levo para toda a população poder aproveitar e se sentir bem quando passar por aquele lugar”, conta Chimia.

O artista já tem planejado um projeto para seguir realizando grafites, principalmente na periferia. A ideia é inspirar e oferecer mais opções de vida.

O artista posa com uma das crianças que acompanharam a criação do grafite (Foto: Diogo Zanatta)

Notícia atualizada às 22h44

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