Passados 120 dias com a adoção de medidas recomendadas pela OMS o mundo atinge patamar que indica certa estabilidade no combate ao coronavírus. Nada resolvido, apenas um aprendizado a duras penas entre isolamento, a tomada de rotinas preventivas, a exemplo do uso de máscara. As condutas pessoais nas casas e na rua, ou locais públicos, convenceram a grande maioria de que é indispensável todo o cuidado pessoal. O negacionismo renitente em relação ao perigo foi abastecido por polarização estúpida e tóxica levada ao campo político. Aconteceu que o vírus não atua nesta linha de escolha de paixões partidárias. Também não escolhe suas vítimas por atributos da vã avaliação aparente. E a pandemia segue inexorável seu rumo devastador, só poupando quem dela se esconde, quando as condições de vida permitem. É mal que ninguém espera, mas que confunde qualquer pessoa. A ciência médica trabalha com extrema dedicação contra o tempo e as incertezas e ainda é a crença ponderável. Nem os insensatos podem negar o resultado catastrófico que já ceifou mais de 133 mil vidas de brasileiros. O rumo da tragédia é amenizado, graças a Deus, por milhares de curas entre os atingidos pela enfermidade. Ao custo de imensa tristeza, há luz de esperança com a produção de vacina, em andamento nos diversos laboratórios dos continentes. O instinto de preservação enfrenta opinião e manifestações de céticos, recomendando ou pressionando a maior ousadia, incitando a que “os outros” enfrentem o perigo com galhardia. Há neles nada além da hipocrisia. Sem argumentos racionais baseados na ciência médica, ordenam seus empregados ao trabalho. Os mais pobres, e que precisam do emprego, não têm muitas opções a não ser responder às necessidades de trabalhar. Em muitos casos, a linha de produção ou balcões de venda não ofereciam as melhores condições de funcionalidade. Muitas pessoas adoeceram ou morreram por que lhes foi negado o direito de ter medo frente à ameaça da Covid. Acontece que a diferença de condições é gritante. Há os que precisam trabalhar e não tem condições sanitárias em suas moradias, água, espaço, sem contar a terrível situação com a falta de esgoto sanitário. Muitos dos que apressam a retomada da produção não ligam para as condições defensivas das pessoas mais humildes. Felizmente isso está mudando e o ritual cotidiano mudou em toda parte. Além disso, as pessoas, finalmente, cuidam-se entre si. Os hábitos e máscaras de proteção alertam contra o perigo de contágio. Temos nossos costumes e reações difíceis de conter, como diz o adágio popular: o amor e a tosse a gente não segura!
Susto e bondade
A intervenção enxuta do presidente Bolsonaro evitou agravamento e prejuízo aos aposentados da Previdência. O assessor direto do ministro Guedes disparou a informação sobre congelamento das aposentadorias por dois anos projetando recursos para suprir o projeto Renda Brasil. O presidente não apenas negou que esta fosse sua orientação como apontou cartão vermelho aos responsáveis pelo anúncio precipitado. Rechaçou firme a idéia propagada e emendou exorcizando o programa Renda Brasil, articulado para substituir o Bolsa Família. O tom presidencial severo passou a versão de bondade. A atitude veio embalada por jogada de marketing com resultado positivo perante a opinião pública que apontava ausência de governabilidade. Sem acrescentar melhoria aos aposentados, em movimento orquestrado ou não, melhorou a imagem do governo e o prejuízo aos aposentados não passou de susto, ou forma de aviso sobre o que ainda possa suceder na previdência.
Fux restringe revisões
Em seu primeiro ato ao assumir a presidência do Supremo e CNJ o ministro Luiz Fux esticou a corda nos presídios. Editou a recomendação 78 que restringe a soltura de presos em função da Covid. Chama atenção a orientação que dificulta relaxamento de prisão preventiva ou para condenados por crimes de corrupção. Diante do aumento dos crimes de violência doméstica, ficam restritos os benefícios para quem está sob prisão provisória. Suspende também os benefícios por revisão no regime de cumprimento da pena nos casos que envolvem criminosos da elite envolvidos em delitos. A medida pretende estancar a onda de solturas ou benefícios sob alegação de perigo da contaminação pelo Covid-19. Certamente cada caso terá sua apreciação, mas agora com rigidez punitiva.