Uma árvore para cada vítima do coronavírus

A ação realizará o plantio de mais de 150 árvores nativas em uma área de preservação de Passo Fundo

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LUCAS MARQUES/ONLUCAS MARQUES/ON
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No final da última semana, Passo Fundo chegou a marca de 150 vítimas do novo coronavírus na cidade - pouco mais de cinco meses após o município ter registrado sua primeira morte pela doença. Como uma forma de prestar homenagens às mais de 150 famílias passo-fundenses que perderam entes queridos durante a pandemia, o Comitê Popular por Saúde, Democracia e Direitos Humanos, juntamente com o Fórum Local da Agenda 21 de Passo Fundo, a Comissão de Direitos Humanos da cidade e a comunidade da Ocupação valinhos II, está organizando uma ação de solidariedade na próxima sexta-feira (25). Na data, será feito o plantio de uma muda para cada vítima da pandemia.

O ato, que também visa celebrar o Dia Mundial da Árvore, fará o plantio das mudas no Parque Natural Municipal Pinheiro Torto, a única unidade de conservação integral presente em Passo Fundo e que conta com aproximadamente 32 hectares de área. Dentre as espécies a serem plantadas, estão o guabijú, cedro, tanga e goiaba. De acordo com um dos organizadores da ação, o secretário-executivo da Agenda 21, Ademar Marques, as espécies representam fragmentos da Mata Atlântica. “Precisamos recuperar algumas áreas que foram degradadas, principalmente as próximas dos recursos hídricos do parque, como banhados e riachos”, aponta. Junto às mudas, será colocado uma placa em memória às pessoas que faleceram durante a pandemia. “Uma árvore simbolizando a vida”, ilustra Ademar.

O simbolismo da ação é uma das motivações para a realização do ato. “Precisamos acreditar que, apesar da dor e da morte, a gente pode ressignificar essa dor para continuarmos vivendo, tendo esperança e enfrentando essa pandemia”, afirma a integrante da coordenação da Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo, Edivânia Rodrigues. O ato também possui um importante valor simbólico para a comunidade na qual o parque está localizado, a Ocupação Valinhos II. “Também é uma questão pedagógica, pois estamos morando próximos ou dentro do parque, então como que conjugamos o direito à moradia com o direito ao meio ambiente em uma perspectiva de cuidado? É uma questão para cultivarmos uma cultura de que todos nós precisamos ter cuidado com os seres vivos que habitam essa terra”, comenta Edivânia.

Atos como estes tornam-se, por consequência, um exemplo para as crianças e futuras gerações. Segundo Edivânia, a atividade é, além de um compromisso ético, um compromisso afetivo, de humanização e cuidado com o Planeta Terra. “A ação sinaliza para os adultos o compromisso do cuidado, mas também mostra para as crianças que se cuidarmos do hoje, do amanhã, todos poderão viver com dignidade”.

O ato vem sendo planejado pelo Comitê Popular por Saúde, Democracia e Direitos Humanos há três semanas e contará com a presença do Conselho Municipal do Meio Ambiente, da coordenação da Ocupação Valinhos II, de entidades integrantes do comitê e de famílias das vítimas. Além desta ação, o comitê já realizou, ainda no mês de julho, uma homenagem às então 56 vítimas do novo coronavírus na cidade, através da colocação de cruzes de madeira na Praça do Teixeirinha.

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