As medidas de flexibilização autorizadas pelo Governo do Estado, que há cerca de um mês permitiram à região de Passo Fundo a reabertura de diversas atividades econômicas mesmo durante a vigência da bandeira vermelha, sinalizam um sopro de esperança aos representantes do setor. Embora a situação de pandemia ainda exija cautela, entidades como a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), o Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) e o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SHRBS) relatam indicativos de que a economia de Passo Fundo caminha – mesmo que a passos lentos – rumo à recuperação.
Sindilojas
Conforme descreve a presidente do Sindilojas Passo Fundo, Sueli Marini, desde o início da flexibilização, o setor vem percebendo um crescimento “lento e gradativo” em relação ao que havia sido registrado entre os meses de março e julho deste ano. “Não há uma explosão de vendas – a não ser em alguns segmentos do comércio que, pelo fato de própria pandemia ocasionar às pessoas ficarem mais em casa, acabaram se beneficiando, como a área de móveis e decoração –, mas é óbvio que está bem melhor dentro do percentual horrível que estava”, conta, referindo-se aos meses de março, abril e maio. De acordo com ela, devido à troca de estação, o setor de roupas e calçados também deve registrar um crescimento de vendas nas próximas semanas. “As pessoas vão em busca [desses produtos] por uma necessidade e, com o comércio aberto, a tendência é de que haja um aumento no movimento”, descreve.
CDL
O cenário é o mesmo que o observado pelo presidente da CDL, Sérgio Giacomini. Para ele, a adoção de medidas menos restritivas no comércio vem contribuindo para a retomada da economia local. “No início da pandemia, alguns segmentos perderam até 80% do rendimento com as limitações para o funcionamento do comércio. Agora, com a retomada gradativa, muitas empresa que antes precisaram demitir estão recontratando. Então estamos bastante otimistas. Percebemos que ainda é distante do normal, mas acreditamos que caminha essa direção”, avalia.
Apesar da retomada gradativa, a presidente do Sindilojas reitera que os prejuízos registrados no começo da pandemia não devem ser totalmente recuperados. “Não tem como repor a grande perda que tivemos. Será uma recuperação lenta e muito cuidadosa. Até porque estamos vendo países na Europa que flexibilizaram, tiveram um segundo pico e precisaram voltar a restringir a economia. Por isso, nós também pedimos que a população cumpra os protocolos de segurança e que, quando for necessário fazer compras, compre no comércio da cidade. Nós precisamos do desenvolvimento local”.
Hotéis e restaurantes também reportam recuperação gradativa
Para o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SHRBS), Leo Duro, a adoção de protocolos equivalentes à bandeira laranja na região de Passo Fundo foi uma medida necessária para frear os prejuízos no setor de hospedagem e alimentação. No entanto, ele é cauteloso ao salientar que a previsão de verdadeira melhora para o setor não deve se concretizar antes do fim de 2021. “Nos hotéis, nós tivemos um aumento substancial na ocupação de quartos, considerando que nos últimos cinco meses 90% desse setor ficou no vermelho. Notamos também uma recuperação de empregos na parte de alimentação, com restaurantes recontratando garçons desde que houve da liberação dos salões para servir o público. Mas tudo isso é comparado apenas ao começo da pandemia. A crise ainda é imensa e sabemos que muitos empregos não vão voltar”, lamenta.
Duro acredita que, para uma recuperação melhor, a redução das restrições ainda deva ser aplicada aos serviços de buffet e self-service do município. “Nós estamos batalhando com a prefeitura. Em Porto Alegre, vimos que houve essa liberação com o uso de luvas e toda segurança necessária. Passo Fundo ainda está para trás nisso. Outra questão é a dos eventos. Já estamos vendo uma luz no fim do túnel. Acreditamos que, quanto antes o governo puder criar protocolos para o funcionamento dessas atividades, nosso município vai ter condições de acompanhar isso”, pondera. Por outro lado, ele aponta com maior hesitação a possibilidade de reabertura dos bares. “Ainda não tem previsão para esse setor. A gente acredita que precisa reabrir sim, mas como envolve maior aglomeração e toda a questão do álcool, é preciso muita cautela”.