OPINIÃO

Águia não captura moscas

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O estado de alerta estabelecido em todo planeta pela ação implacável da pandemia tem precipitado manifestações que se sobrepõem ao senso coletivo. A doença que aflige o mundo não estaciona para aguardar solução de equívocos dos combatentes. As cautelas promovidas pelas instituições empenhadas na preservação são conhecidas e indicam o caminho possível. Mesmo assim a contaminação, com a gravidade da morte, persiste assombrando o que temos de mais imediato: a vida! É redundante dizermos isso, mas reprisamos a preocupação que aflige pessoas, em todos os lugares e em diferentes circunstâncias. A situação social já existente antes do coronavírus mostra efeitos mais graves por conta da falta de condições de subsistência nas famílias. Em tempo algum seria tolerável a miséria das condições sanitárias que afetam respeitável massa humana nas periferias da cidade. A estrutura heróica que o Brasil mantém no atendimento médico, é preciso mencionar, apresenta resultados esperançosos com o grande número de curas. Se a contaminação pressiona em desespero e assola com as mortes persistentes, as curas regam a crença de que sempre podemos resistir ao mal invisível. 

A par dos efeitos desta situação paralisante da vida que considerávamos normal, no entanto, há outro efeito grave. Em meio a incertezas acumula-se o descontrole emocional, alteração psicológica, medo, dificuldade financeira e tudo o que ansiedade gera por si só. A chicana do ódio ergue-se oportunista contra as emoções e resistências do bem. São sentimentos do bem ou do mal que afloram com força imprevisível. Felizmente são incontáveis as ações que brotam no meio do povo como compaixão. Esta mantém o alento à luta diária dos núcleos familiares.

Propositadamente insistimos na inarredável necessidade de mantermos o foco no combate ao vírus. Isso, no entanto, é amplo diante de tantas obrigações prioritárias. É inegável que o atrito familiar acresce muito, especialmente nos casos em que aparecem como vítimas a criança e a mulher. Ao mesmo tempo o a tragédia ambiental com o incêndio na floresta amazônica destrói a natureza e afeta a qualidade de nossa respiração. Equacionar esses focos desastrosos é mais do que urgente e agravam o custo do combate ao Covid-19. As vias de comunicação que globalizam a informação sobre os continentes mostram que até entre países mais ricos e tecnologicamente exuberantes não foi encontrada a forma de vencer a pandemia, nem o desemprego. O diferencial mais evidente nesse tratamento global é o próprio enfrentamento da realidade. O negacionismo é o pior conselheiro dos povos, nesta hora. Os países mais ricos, como Inglaterra e Alemanha, superaram esta fase, tentados a negar o perigo real da doença. A concentração de objetivo no combate assemelha-se ao hábito da águia que alça vôo com objetivo de buscar sua presa. O que faz a águia? Pois é. Aguça o melhor de sua capacidade de visão para buscar seu alimento. Não dispersa suas potencialidade em pequenos insetos. Não procede como fazem algumas lideranças públicas, ou poderosos do mundo financeiro, vagando por interesses paralelos. Vejam o que faz o propósito eleitoral. Trump nega o gravíssimo quadro de contaminação no império ianque e sai dispersando insensatez, visando vantagens eleitorais. No Brasil o presidente e companhia soltam frases inúteis e estúpidas para negar a gravidade dos fatos. Leviandades como gripezinha, no caso da pandemia, ou apontando índios e caboclos como causadores do devastador incêndio no pantanal ou floresta. Esquece dos predadores ambientais que desmatam ardilosamente e tocam fogo na madeira tombada. Preocupa-se em apoiar a disputa eleitoral de Trump, e autoriza importação de arroz. Dispensa tratativas sabujas ao privilegiado líder. É grave demais a situação nacional da pandemia. Então, é hora de mirar-se no exemplo da águia, neste rude momento. Ela segue firme com olhar fixo. Por isso diz o adágio popular romano: “Aquila non capit muscas” (a águia não captura moscas). 


    

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