Em cada muda de árvore, começa um novo ciclo de vida, que irá perdurar por décadas, séculos. É com essa simbologia que, na manhã desta sexta-feira (25), ocorreu um ato em homenagem às vítimas da pandemia do novo coronavírus em Passo Fundo. Para cada uma das 153 vidas perdidas até o momento, foi plantada uma muda de árvores nativas, que simbolizará a vida dos que tragicamente se foram. Também no local, foi colocada uma placa em memória das vítimas. O ato ocorreu no Parque Natural Municipal Pinheiro Torto, a única unidade de conservação integral presente na cidade, e também visou celebrar o Dia da Árvore.
O parque, localizado na Ocupação Valinhos II, conta com 32 hectares de área e abriga uma importante parte da vegetação da Mata Atlântica. “Essas espécies, que são chamadas de mirtáceas (espécies frutíferas nativas) vão consolidar o que já possuímos dentro da própria unidade de conservação”, afirma o presidente do Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas (GESP), Paulo Fernando Cornélio. Para ele, o ato representa uma coexistência entre a ação humana e ambiental. “Esse local vai ser, além de um símbolo ambiental, um símbolo dos direitos civis da região”, destaca.
A homenagem foi organizada pelo Comitê Popular por Saúde, Democracia e Direitos, juntamente com o Fórum Local da Agenda 21 de Passo Fundo, a Comissão de Direitos Humanos da cidade e a comunidade da Ocupação Valinhos II. “É nesse ambiente de memória e pertencimento ao meio ambiente, em uma semana da árvore, que a gente junta toda essa simbologia para reafirmar, enquanto comitê, o nosso compromisso com a vida. E em todos os sentidos, porque cuidar do meio ambiente também é cuidar da vida”, destaca uma das idealizadoras do ato, a integrante da coordenação da Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo (CDHPF), Edivânia Rodrigues.
Ela, que também representa a comunidade da Ocupação Valinhos II, comenta que atos como esses têm o impacto de mobilização desta comunidade e são maiores do que apenas a ação de plantar uma árvore. “Plantar uma árvore na memória de quem foi vítima é reafirmar em nós o desejo de que a gente quer continuar cuidando de todas as vidas, inclusive das nossas vidas na Ocupação Valinhos II”, finaliza.
Em cada uma das árvores, estará representada simbolicamente uma vítima da pandemia em Passo Fundo. Para Simone Garcia, que perdeu seu pai e mãe para o coronavírus, a homenagem ganha ainda mais importância. “De uma forma parece que a vida deles vai continuar, parece que é uma esperança, um momento que acalenta um pouco o nosso coração”, desabafa.