Houve um tempo em que as garotas direitas (de família) ofereciam resistência aos arroubos masculinos juvenis. Além de recomendável, valorizava o produto. Diziam “não sou dessas que andam por aí”. No final a gente casava com essas moçoilas, direitas, por assim dizer. Houve outro tempo em que resistência significava aquelas corridas de rua de longos percursos onde íamos na maciota. Como exemplo cito Elói Schleder, um cavalo, que corria das 08 as 12 horas, ali no campo do quartel. Tinha passadas longas e regulares, resistência. Agora, o vocábulo resistência refere-se ao descontentamento social-político em relação ao que aí está. E, não concordando com esse estado de coisas, criou-se a resistência e divulgando ser desse grupo de pessoas imagina-se o desejo do retorno a alguma condição pré-existente da nossa história política ou estão a oferecer algo novo, inusitado. Para a resistência que alguns abraçaram JB é misógino, homofóbico, chulo, neofascista, Nero da Amazônia e desqualificado. A resistência dos nostálgicos da aliança PT-PMDB, acostumada a comandantes de fino trato, com grande capacidade de articulação, letrados e probos, descarta essa figura execrável, ainda mais que ele (JB) desafiou a Rede Globo, Revista Veja e Folha. Saiu na imprensa, meio que na obrigação, que JB goza de 40% de aprovação dos eleitores contra 29% de desaprovação, empate técnico segundo o Datafolha e Ibope; não revelaram os 31% restantes.
A resistência é bem bacana, mas seria desconsideração ao novo? O que seria o novo no país? Peninha (Eduardo Bueno), escreve na ZH, sobre o ilustre Mem de Sá, logo após o descobrimento do Brasil, enriquecido ilicitamente, sanguinário, foi o que Portugal mandou para iniciar o mundo novo. Mundo novo não significa pessoas novas, mentalidades novas. Quero digitar e postar em rede que também sou da resistência ao assalto ao erário como acontece de maneira repetitiva no Rio, às benesses chamadas de direito adquirido pelos nababos políticos que ocupam as altas cortes do país, resistência a ode aos bandidos tidos como segregados da sociedade, resistência às cotas de qualquer tipo tidas como resgate social, resistência aos secretários de saúde, prefeitos e governadores que desviaram dinheiro destinado ao combate ao covid, resistente ao crime organizado x sociedade desorganizada, resistente ao imenso cabedal de funcionários públicos e empresas estatais deficitárias que contemplam um imenso cabide de empregos.
O pessoal da resistência nostálgica é resistente às estatísticas frias do IBGE que mostram 150 mil mortes por trauma no país a cada ano, uma pandemia/ano no Brasil cronicamente; os resistentes não se manifestam as 40 mil mortes de crianças e adolescentes/ano creditadas à violência; não franzem o cenho para mais de 400 mil internações de meninas vítimas de abortos clandestinos. Isso é o Brasil, nosso país, que abandona crianças e velhos e que cultua ensandecidamente o sertanejo universitário, sempre o mais do mesmo. O pessoal da resistência nostálgica gosta mesmo de protestar contra JB e seu colegiado e não percebe, nunca percebeu e, talvez nunca perceberá que o bem comum está acima dos partidos, das bandeiras, dos discursos e ideologias.
Precisamos ser resistentes a todas as anomalias e não somente contra o presidente eleito nas urnas democraticamente e que percebe aumentar o seu apoio popular. Aliás, quanto mais algumas personalidades do mundo jornalístico e político vociferam contra JB mais aumenta seu prestígio. É o mundo desplugado entre o povo e a intelligentsia do status quo.
A gente anda esgotado com a pandemia, com a desgraça do desemprego, com o caos social, com os desvios do dinheiro público, com o isolamento, com o aumento do número de suicídios. O pessoal, nessa eleição, está esperando propostas bacanas e não a panfletagem nostálgica carregada de rancores e de ódio ao novo tempo.