Escolas adotam medidas sanitárias para retomada das aulas presenciais

Protocolos exigidos às instituições estão previstos no Plano de Contingência para prevenção da Covid-19 do governo do Estado

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Em meio ao atual estágio da pandemia do novo coronavírus, diversos setores da sociedade estão planejando a retomada de atividades. Uma das principais áreas em questão é a de ensino, que passa por incertezas. Enquanto o retorno às aulas na rede privada não possui uma data definida, alguns colégios particulares de Passo Fundo já estão preparados para receber os estudantes em suas estruturas.

Alguns fatores em específico são facilitadores de um possível retorno para o setor privado de ensino. Dentre eles, estão a ausência da necessidade de disponibilização de merenda escolar e transporte público coletivo. Sem esses dois requisitos, a adequação às normas necessárias para o retorno das atividades presenciais torna-se mais acessível.


Protocolos

Todos os protocolos sanitários exigidos às instituições estão previstos no Plano de Contingência para prevenção da Covid-19 do governo do Estado, enviado para as escolas ainda no mês de junho. Com isso, desde então, vem ocorrendo um processo de adequação aos requisitos. No que diz respeito à estrutura física do colégio, é obrigatória a instalação de tapetes sanitizantes na entrada dos prédios, a disponibilização de álcool gel e a sinalização do ambiente visando o distanciamento de 1,5m para as pessoas, que contam com o uso obrigatório de máscara. Também será exigido a medição de temperatura de todos os alunos que entrarem e saírem do prédio.

Outro ponto importante é a capacidade reduzida do local. Para a volta às aulas, estão permitidos, no máximo, 50% dos estudantes por sala de aula. Com isso, algumas escolas estão tendo que planejar um escalonamento semanal das atividades. Este é o caso do Colégio Marista Conceição de Passo Fundo. De acordo com o diretor, Alexandre Lopes, a instituição está preparada para realizar um revezamento, em que metade da turma trabalhará presencialmente em uma semana, e a outra metade na semana seguinte. “Até para nós termos controle de infecção, ou seja, caso em um grupo tenha alguém infectado, nós sabemos que o outro grupo não irá estar”, explica.

O controle rígido de movimentação e horários, também está presente no acesso ao colégio. Apenas com a educação infantil e os primeiros anos do Ensino Fundamental, em que as crianças ainda dependem mais do deslocamento dos pais à escola, será permitida a entrada acompanhada com algum familiar. Ao restante dos estudantes, a entrada será realizada sem acompanhamento. Além disso, haverá também o rodízio no acesso ao local. Cada grupo de alunos, determinados pelo seu nível de escolaridade, terá um horário para entrada e saída. “Não iremos ter 500 alunos chegando ao mesmo tempo na escola, para não criar aglomerações. Isso vai ajudar no trânsito e no controle de acesso e retirada das crianças”, afirma Alexandre.


Diálogo

Em um período de pandemia, torna-se fundamental a relação entre alunos, família e instituição. A comunicação entre as partes em casos suspeitos da doença é fator chave para o sucesso das atividades escolares presenciais. Conforme o vice-diretor do Colégio Notre Dame de Passo Fundo, Vanderlan Lima, tudo isso vai passar pela orientação de estudantes e professores quanto aos procedimentos. “É uma responsabilidade conjunta. Temos que levar em consideração todo um processo de conscientização das famílias, crianças, colaboradores em geral, para que todos estejam atentos no caso de uma indisposição, uma febre, para informar o Comitê de Orientação Emergencial (COE) local, que vai informar o municipal e estadual”, aponta.

Essa situação também é ressaltada pelo diretor do Marista Conceição da cidade. Segundo Alexandre, a questão do diálogo será muito trabalhada. “Temos como experiência outras escolas da rede Marista que já voltaram, em Bento Gonçalves, Santa Cruz, Canela, e a questão foi muito tranquila”, indica. Ainda de acordo com ele, o colégio está produzindo cartilhas de instrução às famílias para o retorno às atividades.

Em caso de suspeitas ou contaminações pelo coronavírus, ambos os colégios possuem salas reservadas para o atendimento e isolamento dos alunos. A partir do isolamento, o COE municipal, bem como os familiares do estudante, serão informados, para que haja um monitoramento do caso e, se preciso, afastamento do aluno, professor ou funcionário. 


Modelo híbrido de ensino

Adotado pelas instituições privadas desde o início da pandemia, os ensino remoto será um aliado dos colégios particulares em um possível retorno às aulas. Portanto, os alunos e familiares podem decidir se desejam realizar o retorno presencial imediato ao local. Caso não queiram, eles seguirão com as atividades remotas, que ocorrem desde o mês de março na rede privada. “Temos a obrigatoriedade de contemplar os estudantes no modelo presencial e também continuar no ensino remoto”, elucida o vice-diretor do Notre Dame. De acordo com ele, os 1.6 mil estudantes do colégio em Passo Fundo (além dos aproximadamente mil que estudam na Escola Menino Jesus, da mesma rede) tiveram apenas uma semana de paralisação por conta da pandemia, e contam com o ensino remoto desde então.

O sistema híbrido de ensino também será adotado pelo Marista Conceição, que disponibilizará a transmissão ao vivo de todas as aulas que estiverem ocorrendo no local através das plataformas que a rede vem utilizando para os seus mais de 1.2 mil estudantes. O prédio da escola também possui, em todas as suas salas, equipamentos de captação de imagem, como câmeras.


Expectativa

Agora, o que resta às instituições privadas é aguardar a confirmação de retorno e datas pelo poder público. Porém, a posição dos dois representantes das escolas passo-fundenses, e possívelmente de outros diretores de instituições privadas de ensino da cidade, é a mesma: os colégios estão preparados para o retorno presencial. “Se começássemos as aulas amanhã, já estaríamos organizados. Hoje, o Notre Dame tem condições de atender os protocolos de saúde do município e estado”, afirma Vanderlan.

Na visão do diretor do Marista Conceição, há a importância de voltar presencialmente ainda neste ano. “Por vários motivos, como saúde emocional das crianças, a importância da escola na vida delas. E não apenas em questão de conteúdo. Na questão de relações, interação, por mais que não haja contato físico, que eles consigam estar no mesmo ambiente, discutindo, conversando”, comenta Alexandre.

A decisão do retorno presencial para as instituições privadas de ensino agora deverá ocorrer nos próximos dias. Nessa terça-feira (6), foi realizada uma reunião pelo COE municipal, que não chegou a uma decisão. Com isso, uma nova discussão ocorrerá dentro de alguns dias. Nesta quarta-feira (7), está marcada uma reunião entre os prefeitos da região, vinculados à Associação dos Municípios do Planalto Médio (Ampla), para debater sobre o assunto, no que diz respeito à rede municipal.

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