Maioria dos pais é contra retorno das aulas presenciais na rede estadual

Prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, anunciou o adiamento da apresentação do Plano de Retomada das aulas nas escolas da cidade

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(Foto: Arquivo ON)(Foto: Arquivo ON)
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Em meio à intensificação das discussões sobre o retorno presencial das atividades escolares no Rio Grande do Sul, o prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, anunciou, na última sexta-feira (16), o adiamento da apresentação do Plano de Retomada das aulas nas escolas da cidade - tanto públicas, como privadas. No dia 11, Luciano havia divulgado que o plano estava pronto e seria apresentado ao decorrer da semana. Entretanto, seu comunicado mais recente destaca que não há prazo para o retorno.

“Por cautela, vamos seguir acompanhando os números da pandemia, fundamentais para qualquer decisão”, declarou o prefeito. Apesar da autorização à região de Passo Fundo para retomar as aulas presenciais, ocorrido ainda no fim de setembro, o retorno no momento não foi aprovado pela Associação dos Municípios do Planalto Médio (Ampla). “Aguardaremos melhores condições para o retorno, zelando pela vida das crianças, suas famílias e de todos os que trabalham na educação”, indica Luciano.

Rede estadual

A rede estadual de ensino foi autorizada pelo governo do Estado a retomar as aulas presenciais para o Ensino Médio e Técnico a partir desta terça-feira (20). Elas se darão através do modelo híbrido de ensino, ou seja, a mescla entre atividades presenciais e remotas. Quase uma semana depois, no dia 28 de outubro, os anos finais do Ensino Fundamental serão retomados. Já no dia 12 de novembro, será a vez do retorno dos anos iniciais do Fundamental. Contudo, com a decisão do prefeito de Passo Fundo, as atividades escolares presenciais no município não retornarão até segunda ordem. “O decreto do prefeito impossibilita o retorno da rede estadual neste momento”, afirma a coordenadora da 7ª Coordenadoria Regional de Educação (7ª CRE), Carine Weber.


Retorno tem baixa adesão dos pais

Em ordem de autorizar ou não o retorno presencial dos estudantes para as escolas, as famílias precisavam preencher um termo de responsabilidade exigido pelo Estado. De acordo com o diretor do Instituto Estadual Cecy Leite Costa, Rodrigo Rodrigues, a grande maioria das famílias foi contra o retorno imediato de seus filhos e, portanto, não autorizaram a volta deles. “Temos em torno de 980 alunos. Destes, 550 famílias vieram assinar o termo e apenas 47 delas autorizaram o retorno”, aponta. Apesar dos números de estudantes com retorno autorizado terem potencial para variar diariamente, o momento inicial da retomada no Cecy contará com salas praticamente vazias. “Pela noite, teremos 11 alunos distribuídos em sete turmas. A turma mais cheia tem quatro estudantes”, atesta.

Dentre as razões que justificaram a não-autorização das famílias estão, principalmente, a proximidade do final do ano e a insegurança. “Elas justificam falando que se a escola é segura, por que elas tem que assinar um termo as responsabilizando e isentando o Estado?”, comenta Rodrigo. O calendário oficial das aulas prevê o término das atividades em 8 de janeiro de 2021. Considerando ainda que as aulas terão horários reduzidos, com aproximadamente 2h30 de duração, o diretor indica que as famílias se questionam “o que o retorno realmente acrescenta para o estudante?”. “Aí o jovem mora na Cohab, na Zacchia, e paga uma passagem de ônibus de ida e volta para ter 2h30 de aula. Eu tenho alunos que não têm o que comer em casa, quem dera ter passagem de ônibus para gastar assim”, afirma o diretor.

Segundo a diretora de outra escola estadual de Passo Fundo, o EENAV, Phélly Camargo, a maioria dos termos de responsabilidade já foi  preenchido. No Ensino Médio do turno da manhã, a escola conta com a liberação de 8%, 6% e 3% dos alunos, para o 1ª, 2º e 3º ano, respectivamente. No geral, para todos os estudantes presentes no turno da noite, apenas 1% deles tiveram autorização para retorno. As razões também envolvem o medo da contaminação pela Covid-19. “Eles têm medo de ficarem doentes, de levar a doença para casa”, conta Camargo. Além disso, algumas famílias também expressaram que já se adequaram ao ensino remoto, portanto são contrárias ao retorno neste momento. Segundo a representante da 7ª CRE, os índices de autorização de retorno variam conforme a condição epidemiológica de cada cidade. “Pelo o que já percebemos, temos, por exemplo, escolas em determinados municípios que chegam a 70% de manifestação de desejo do retorno. Em compensação, temos outras escolas com percentuais de 6%, 7%”, diz Weber.


EPIs e materiais de segurança

Em relação aos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e demais materiais previstos nos protocolos de segurança para a retomada das atividades, o Cecy Leite Costa ainda não recebeu a totalidade dos produtos. Segundo Rodrigo, na última sexta-feira (16), foi recebido o álcool gel. “Mas ainda não recebemos máscara, termômetros, tapetes sanitizantes, tudo aquilo que nos foi prometido para a segurança do aluno.

Outra escola que ainda não recebeu todos os equipamentos necessários foi o EENAV. Assim como na situação do Cecy, falta a entrega de materiais como máscaras e termômetros, por exemplo. A diretora da instituição estima que ainda resta o recebimento de cerca de metade dos equipamentos. Conforme Carine, as empresas estão finalizando as entregas na região de Passo Fundo, composta por 32 municípios. “Estamos tratando de uma possibilidade de retorno [na região] a partir da próxima semana. Mas para começar, tem que estar tudo certo. Não vamos começar sem os itens e a segurança necessária”, finaliza.

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