A tecnologia tem sido uma aliada na área da agricultura, contribuindo com o trabalho do produtor rural. Como forma de dar prosseguimento à este processo, a Universidade de Passo Fundo (UPF) recentemente firmou uma parceria com a Bayer e a Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), a qual consiste no desenvolvimento de estudos sobre a relação de tecnologias de imagens obtidas via satélite com a fisiologia da soja e a qualidade de sementes.
A atuação conjunta se dará por meio do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGAgro) e do Laboratório de Fisiologia Vegetal da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) da UPF. A Bayer possui uma tecnologia de imagens por satélite chamada Climate FieldView, que é uma plataforma de agricultura digital capaz de fornecer dados, visando auxiliar na tomada de decisão dos produtores por meio dessas imagens de satélites, do mapeamento da área, além da gestão operacional das máquinas.
Os mapas são gerados com a utilização do Climate Crop Index (CCI), responsável por calcular o índice vegetativo da lavoura, e possui a capacidade de representar pequenas diferenças do desenvolvimento das plantas dentro da mesma área e de gerar uma correlação das diferenças com a produtividade da cultura.
Segundo o responsável pelo Laboratório de Fisiologia Vegetal, professor Dr. Geraldo Chavarria, a parceria visa relacionar as imagens com o funcionamento de plantas, de maneira que se consiga estabelecer uma relação entre a imagem do satélite e a qualidade de semente de soja obtida. “Queremos gerar relações de imagens e plantas, com o propósito de selecionar lavouras que tenham uma qualidade melhor de sementes”, comenta.
Dissertação de mestrado auxiliará na melhora da tecnologia
Quem irá contribuir com o trabalho é a aluna do PPGAgro, Isabela Buttini, que irá desenvolver sua dissertação de mestrado sobre o assunto. Conforme ela, com a evolução constante da agricultura e o surgimento de tecnologias, o produtor rural passou a obter mais facilmente informações sobre problemas e desafios que surgem no campo ao longo do ciclo de desenvolvimento de uma cultura, e, em alguns casos, até mesmo possíveis soluções e auxílio na tomada de decisão para o manejo adequado, visando sempre sustentabilidade, qualidade e produtividade.
“Visto isso, o estudo consiste em melhorar ainda mais a tecnologia já existente, o Climate FieldView, com o intuito de criar um algoritmo capaz de relacionar a imagem via satélite obtida em NDVI ao longo do ciclo da cultura da soja com a qualidade fisiológica de sementes, dando ao produtor maior capacidade e facilidade para a tomada de decisão”, relata.
Para isso, Isabella, ao longo do desenvolvimento da cultura da soja, realizará avaliações fisiológicas das plantas, a campo e em laboratório, desde medição da estatura, comprimento do entrenó, área foliar, clorofila, fluorescência da clorofila, potencial da água, temperatura da folha, macro e micronutrientes, e ao final, o vigor e poder germinativo da semente. Os dados serão coletados desde o início do ciclo da planta até a análise pós colheita.
Incentivo ao uso de sementes de qualidade
A estudante receberá da Bayer uma bolsa para a produção de sua pesquisa. Além disso, a empresa fará a doação do equipamento “Espectrofotômetro” ao Laboratório de Fisiologia Vegetal, o qual analisa o estresse da planta em tempo real por meio do pigmento da folha, realizando uma medição rápida e não destrutiva, capaz de aferir simultaneamente a transmissão, absorção e reflexão da luz dentro de comprimentos de onda (NIR).
De fácil operação e com software de análise incorporado, ele ainda pode ser utilizado para quantificação de concentrações químicas, análise de cores, e, até mesmo, para estudo de reações fotoquímicas, como a fotossíntese.
A aluna acredita que a sua dissertação ajudará o trabalho dos produtores de sementes de soja. “O produtor rural possui necessidade de informação crescente, pois, a cada ano agrícola, enfrenta desafios e cenários distintos. Além disso, a tecnologia já chegou no campo e seu uso vem crescendo gradativamente, portanto o intuito é fazer com que os resultados da pesquisa agreguem para uma agricultura mais tecnificada e sustentável, incentivando cada vez mais o uso de sementes de qualidade e com certificação, agregando valor ao produtor de sementes e contribuindo com o aumento de sua produtividade e consequentemente com o agronegócio mundial”, relata.
O professor Geraldo compartilha do mesmo pensamento. “O trabalho será muito positivo para os produtores de sementes de soja”, finaliza.