Secretário pede “bom senso” na visitação aos cemitérios

Movimentação para limpeza de túmulos e jazigos segue intensa desde o início da semana

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Os cemitérios estarão abertos normalmente durante o final de semana e feriadoOs cemitérios estarão abertos normalmente durante o final de semana e feriado
Os cemitérios estarão abertos normalmente durante o final de semana e feriado
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Em função da pandemia do novo coronavírus, a missa do Dia dos Finados, que tradicionalmente ocorre no Cemitério Vera Cruz, em Passo Fundo, será realizada em um local diferente no próximo dia 2. O espaço escolhido foi a Paróquia São José Operário. Já os cemitérios estarão abertos normalmente durante o final de semana e feriado.

De acordo com o secretário de Transportes e Serviços Gerais do município, Cristiam Thans, não haverá restrições nos cemitérios, porém está sendo feita a orientação de não realizar aglomerações nos espaços. “Solicitamos bom senso, para que os familiares mantenham a distância, não estejam em grupos muito grandes e usem máscara”, afirma o secretário.

Thans ainda comenta sobre a indicação para que a comunidade se divida nos dias do final de semana e não concentrem todas as visitas na segunda-feira, dia 2. Quanto aos comerciantes ambulantes, que costumam vender flores e velas na entrada dos cemitérios, eles devem seguir os protocolos de distanciamento, com as devidas restrições no atendimento, distanciamento e o oferecimento de álcool gel.


Cuidados com os entes queridos

Ao entrar na semana que antecede o Dia dos Finados, os cemitérios da cidade mudam de coloração. Dos tons cinzentos, unidos à natural degradação dos espaços pelas intempéries, às vibrantes cores das flores, que anualmente renovam-se quando a data se aproxima. Nem mesmo o período de pandemia é capaz de abalar a tradição mantida por tantos cidadãos, que além de tradicionalmente prestarem suas homenagens aos seus entes que se foram, realizam a limpeza e conservação dos túmulos e jazigos.

No cemitério da Vera Cruz, o maior da cidade, a movimentação se intensificou na terça-feira. O fotógrafo Cesar Benck, 67 anos, dedicou a tarde para limpar a capela onde estão sepultados seus entes queridos. “O gesto representa uma gratidão por aqueles que cuidaram da gente. Acho que hoje é mais fácil retribuir dessa maneira”, ressalta Cesar.

A preocupação em cuidar do túmulo dos parentes também está presente na vida de Rondon Rosa, de 76 anos. Natural de Erechim, Rosa mantém o hábito desde de que chegou a Passo Fundo, há 60 anos. “Para mim é tudo, porque é o meu pai, minha mãe, meus avós que estão ali. Enquanto eu estiver vivo, eu venho”, conta. Entretanto, Rondon aponta que após seu falecimento, não pretende ser enterrado, da mesma forma que seus parentes.“Já comprei até um título para ser cremado”, revela.

Da mesma forma como a visita aos que já se foram faz parte da vida de Rondon, ela também é uma atividade fundamental na rotina de Nadia Moccellin. Desde 2015, com o falecimento de seu afilhado, Felipe, 28 anos, a professora aposentada comparece ao cemitério pelo menos duas vezes por semana. “É um hábito. Venho aqui duas vezes por semana e converso com ele”, aponta. Além do afilhado, Nadia perdeu também a mãe, há um ano, devido ao Alzhaimer. Assim como ocorre com Felipe, ela diz que faz companhia à sua mãe, que “não gosta de ficar sozinha”.

O hábito presente na vida de Moccellin, de 60 anos, é quase terapêutico. Segundo ela, seu prazer pelas caminhadas, junto às conversas com seus entes, a fazem se sentir bem. “Eu sinto que ele [Felipe] está aqui comigo, junto, sentindo isso. Eu só choro de emoção, não é tanto de tristeza, porque eu sei que ele está fazendo coisa boa lá em cima. Ele sempre fez para todo mundo. Era um amor”, desabafa Nadia, com a voz trêmula. Para a professora aposentada, quando chega o momento de fazer suas visitas rotineiras, a expressão popular “faça chuva ou faça sol”, não é dita apenas da boca para fora. “Ontem eu estava na chuva conversando com meu afilhado”, ressalta.

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