A pandemia e seus efeitos econômicos geraram o temor de que o problema das pessoas em situação de rua se intensificasse, no entanto, isso não foi averiguado até o momento em Passo Fundo. Em julho, a redação do O Nacional apurou que a procura pela Casa de Passagem Madre Teresa de Calcutá (antigo Albergue Municipal) estava abaixo do esperado, mesmo com o frio. “O inverno nos surpreendeu mesmo porque diminuiu a ocupação”, disse a secretária de Cidadania e Assistência Social, Elenir Chapuis. Com a pandemia, o serviço foi evitado e muitos voltaram para casa.
Com a chegada da primavera e do verão, a procura pelo serviço volta a crescer. “O calor facilita a permanência na rua”, explica Elenir. A temperatura também faz crescer o trânsito de migrantes. “Pessoas que passam pelo município em busca de trabalho, mas que já têm uma cultura de rua”, de acordo com a secretária.
Mesmo com o crescimento, quando o ano é comparado com os anteriores, a secretária afirma que o número de pessoas em situação de rua e de atendimentos nos serviços municipais é “relativamente o mesmo”. Uma das causas é o fato de muitos serem beneficiários do auxílio emergencial. “Para a pessoa em situação de rua não houve uma alteração muito significativa, continua no mesmo ritmo”, conta Elenir. Muitos usuários negam a pandemia e acham que não irão se contaminar. “A vida não mudou muito para eles”, explica. O negacionismo é acompanhado do frequente uso de álcool e drogas. “A pandemia não acrescentou muito”, ressalta Elenir.
Apenas um caso do novo coronavírus foi identificado entre pessoas em situação de rua. Ele conseguiu ir para a casa de uma irmã e ficar isolado.
Atendimento
A preocupação com a contaminação e disseminação levou a um reforço da equipe e dos cuidados com a pandemia, de acordo com a secretária. As pessoas em situação de rua receberam orientações, máscaras e álcool em gel. “Paralelo a isso, há um trabalho contínuo de vinculação com esse usuário, de encaminhamentos, de atendimento técnico, no sentido de encaminhar para que a pessoa saia dessa situação”, destaca Elenir, que afirma existir uma dificuldade muito grande de adesão ao tratamento para vícios. Aos migrantes são oferecidas passagens para a cidade de origem ou cidade que indique.
Em relação ao funcionamento, a Casa de Passagem e o Centro Pop Júlio Rosa continuam operando normalmente, apenas com redução de oficinas em grupo e da capacidade da Casa em 50%. A Casa de Passagem está localizada na Rua Uruguai, 266 Bairro Petrópolis e o Centro Pop Júlio Rosa na Rua Morom, 2649. O Centro funciona das 8h às 12h e das 13h às 17h. Enquanto a Casa oferece acolhimento, o Centro realiza encaminhamentos para documentação e tratamentos, entre outros serviços.