Tendo em vista o combate à presença do mosquito Aedes aegypti, responsável por doenças como a dengue, chikungunya e zika vírus, o Núcleo de Vigilância Ambiental em Saúde de Passo Fundo anualmente realiza uma série de sondagens para o acompanhamento da proliferação do mosquito na cidade. São cerca de quatro Levantamentos Rápidos de Índices de Infestação pelo Aedes Aegypti (LIRAa) por ano e, conforme o último, realizado no mês de outubro, o município contou com uma redução do índice.
O resultado do levantamento apontou para 0,5% de infestação na cidade, ou seja, a cada 100 casas visitadas pelos agentes de saúde, menos de uma tem a presença do mosquito. O número obtido representa um baixo risco para a epidemia de dengue e demais doenças transmitidas pelo mosquito. A explicação para a porcentagem, segundo a chefe do núcleo, Ivânia Silvestrin, tem relação com as temperaturas da época do ano em que o levantamento foi realizado. “Saímos de uma estação fria, com temperaturas mais baixas, onde a proliferação não é tão intensa. Em outubro ainda tivemos temperaturas baixas e quase nenhuma chuva”, comenta. Segundo ela, porém, com o verão cada vez mais próximo, deve ser mantido o alerta para os cuidados quanto ao mosquito. “A gente está indo para as estações mais quentes, onde a tendência da proliferação dos mosquitos da dengue é maior”, ressalta.
A tendência do aumento na presença do Aedes Aegypti em Passo Fundo já pode ser notada, assim como de outros insetos. “Há meses não tínhamos grandes quantidades de chuva e a gente observa que, com as chuvas dos últimos dias, aqueles ovos que estavam depositados em recipientes secos, eclodiram”, relata. No último levantamento, foi constatado que, dentre os recipientes que mais acumulam a presença do Aedes Aegypti, estão os pratinhos de plantas e flores e tonéis de água.
Como os levantamentos funcionam?
Para a realização dos LIRAa, os agentes comunitários de saúde deslocam-se para diversos domicílios espalhados pela cidade. Dentro de cada bairro, há o sorteio de quarteirões que devem ser visitados e vistoriados pelos agentes de combate à endemia para a verificação da presença de larvas do mosquito nos imóveis. “Trabalhamos com 20% dos imóveis de cada quarteirão”, aponta Silvestrin. Com a pandemia e a adesão a todos os protocolos de saúde e distanciamento social, a rotina dos agentes sofreu algumas alterações. O LIRAa previsto para o mês de março, por exemplo, não pôde ser realizado, devido às paralisações em atividades ocorridas na época. “Nas casas com pessoas idosas, que fazem parte do grupo de risco, há a orientação de não se fazer as visitas. Também é feita a visita no peridomicílio, ou seja, a parte externa do pátio da casa. Aquela visita, onde há necessidade de adentrar o imóvel para ver os fundos, é preciso avaliar no momento se podemos ou não entrar no local”, elucida Ivânia. A equipe do Núcleo de Vigilância Ambiental em Saúde, responsável pelos levantamentos, conta com 20 agentes de combate à endemia e dois biólogos supervisores de campo.
Orientações
Devido a aproximação do período em que são previstos aumentos nos números de infestação do mosquito em Passo Fundo, a chefe do núcleo reforça as principais orientações de combate ao Aedes aegypti. “Água parada é o que contribui com a proliferação, é o grande vilão. Em hipótese alguma deve-se manter a água parada em tonéis, pneus, baldes e lonas. Também se deve depositar o lixo em locais corretos, e não em terrenos baldios e trocar a água dos nossos animais de estimação diariamente”, exemplifica.
E, apesar do alerta se voltar, sobretudo, ao mosquito da dengue, a presença de outros pernilongos, inclusive comuns, também requer cuidados especiais. “A população tem reclamado da presença desses pernilongos, e a vigilância sozinha não vai conseguir controlar todos os problemas, por isso a gente pede a ajuda da população no sentido de auxiliar no controle desses mosquitos”, reitera Ivânia.
Levantamento anterior
Em outubro de 2019, o Núcleo de Vigilância Ambiental em Saúde produziu um levantamento que apontou para a porcentagem de 0,6% de infestação do mosquito em Passo Fundo. Em comparação com o levantamento mais recente, portanto, houve uma redução nos dados, por mais que não tenha sido significativa. Com isso, o município segue com um índice baixo de infestação, representado pelos números entre 0% a 0,9%. De 1% a 3,9%, é considerado um risco médio para a epidemia das doenças, enquanto acima de 3,9% o risco é considerado alto. “Em maio de 2019, a gente ficou com 5,9% de infestação, o que nos preocupou bastante, porque era um índice considerado alto e com risco para epidemia. Daí logo depois as temperaturas começaram a baixar, o que diminuiu também a proliferação do mosquito”, acrescenta Silvestrin.
Casos de dengue em 2020
No ano, segundo Ivânia, Passo Fundo registra sete casos, sendo quatro deles importados (contraído em outra região) e outros três autóctones, além de aproximadamente 15 notificações para suspeitas. Conforme Ivânia, atualmente não há nenhum caso ativo ou suspeito em Passo Fundo. Um novo LIRAa será realizado entre os dias 30 de novembro e 9 de dezembro.