A tecnologia tem sido a maior fonte de transformação do agronegócio. Mas como inovar em uma área em que tudo já parece ter sido criado e desenvolvido? Foi com esse objetivo, de desenvolver um alimento diferenciado, que três profissionais da área juntaram forças para empreender, criando a “Horta Cor & Sabor”. No início deste ano o projeto foi pré-incubado no Parque Científico e Tecnológico que integra a Rede de Inovação Conecta UPF, e em agosto, após passar por processo seletivo, o projeto foi incubado no Parque.
A agricultura é um dos principais beneficiados por novos recursos tecnológicos, equipamentos e técnicas, e a empresa criada pela bióloga Dra. Dielli Aparecida Didoné, pela engenheira agrônoma Me. Marilei Suzin e pela engenheira agrônoma Dra. Marilia Rodrigues de Silva tem o objetivo de inovar por meio da produção de hortaliças. “A Horta Cor & Sabor nasceu de uma amizade, uma parceria profissional da área de agronomia e biologia e, principalmente, pesquisa, pois nós fomos e somos parceiras de trabalho por muito tempo, já que todas fizemos formação na UPF. A Marília da graduação até o doutorado, a Marilei na graduação e a Dielli também da graduação ao doutorado. Sendo que Marília e Marilei são funcionárias do Laboratório de Biotecnologia Vegetal e a empresa surgiu a partir da vontade de inovar na área da agronomia”, explicaram as empreendedoras.
Conforme Marilia, muitas vezes, a agricultura é vista como contrária ao meio ambiente e a vontade de mostrar como que ela pode fazer a diferença, contribuindo para a saúde das pessoas, fez com que o projeto tivesse início. “A vontade de contribuir com a sociedade por meio da produção limpa de hortaliças, ou seja, sem contaminantes químicos e biológicos, por meio de um processo sustentável e inovador, visando saúde e nutrição, foi como surgiu a empresa e, por isso, o nosso slogan ‘Horta Cor & Sabor - sua vida mais saudável e colorida’”, explicou Marília.
Parceria que promove desenvolvimento
A Rede de Inovação Conecta UPF é composta pela Agência de Inovação, pelo Parque Científico e Tecnológico, pela Incubadora de Empresas e pela Rede Analítica. Por meio desses agentes que a Universidade de Passo Fundo (UPF) desempenha o papel de protagonista na promoção da inovação na região norte do Rio Grande do Sul, auxiliando no desenvolvimento de projetos e tecnologias. “A experiência de incubação tem sido fundamental para o crescimento da empresa, visto que, como a maioria das startups, temos uma ideia incrível, nossa equipe é muito qualificada tecnicamente, porém com pouca experiência na área de administração de empresas. Fizemos reuniões regularmente para alinhar a parte financeira, prospecção de negócio, viabilidade de ações importantes da empresa, enfim, questões importantes para a maturidade do negócio”, destacaram.
Mente criativa para inovação
Para mentes criativas, a inovação faz parte do dia-a-dia, e para as empreendedoras que também trabalham com pesquisa, a busca é constante pela resolução de problemas em diferentes áreas. “O povo brasileiro é muito criativo e sempre aparecem boas soluções. Imaginem dentro de universidades, com pessoas estudando e conhecendo profundamente as técnicas, vira um celeiro de mentes e ideias importantes! A partir daí é necessário avaliar as ideias tecnicamente e financeiramente para que todos estes conhecimentos produzidos em universidades contribuam para a sociedade, como dados, artigos e informações, mas também como desenvolvimento de negócios, empregos e renda”, disse.
De acordo com as empreendedoras, é possível aliar desenvolvimento e sustentabilidade e a empresa busca estar alinhada com as metas globais da Agenda 2030. “Além do setor gerar renda, alimentação, vestuário, combustíveis e as mais diferentes matérias-primas para a nossa economia, é possível fazer tudo isso preservando o ambiente. Nossa empresa também está aliada a esta luta da Agenda 2030, que é de acabar com a fome, alcançar segurança alimentar e melhoria da nutrição, promovendo a agricultura sustentável, alcançando igualdade de gênero e empoderando mulheres e meninas, fazendo uma gestão sustentável da água, promovendo crescimento econômico sustentável”, explicou Marília.
Além de fomentar a inovação, o compromisso das empreendedoras é de trazer a sustentabilidade para todas as etapas, desde a produção das hortaliças, até as embalagens utilizadas para comercialização, que serão biodegradáveis ou retornáveis.
Produção de alimentos
As empreendedoras semearam as primeiras sementes há poucas semanas, a partir daí inicia a fase de testes e produção. Entre os alimentos a serem desenvolvidos estão as hortaliças coloridas e exóticas, como cenouras, couve-flor, acelgas, beterrabas, rabanetes, brócolis, microgreens (microverdes) e alfaces próprias para hambúrgueres. As alfaces serão colocadas no mercado de acordo com suas propriedades nutricionais e aptidões culinárias, com rastreabilidade por meio da utilização de QR code. “Uma importante inovação no nosso projeto são as hortaliças biofortificadas com vitamina B12. Esta vitamina é muito importante para vários processos metabólicos do nosso organismo e fundamental para pessoas que seguem dietas específicas, como: veganas e vegetarianas, pacientes com algumas comorbidades, pacientes de bariátricas. Isto é feito por meio de um processo de Biofortificação Agrícola, onde, com técnicas agronômicas, é possível enriquecer vegetais com nutrientes”, explicaram.
Conforme Marília, essa técnica de enriquecer os vegetais, não ocorre por meio de manipulação genética, ou seja, não é uma transgenia. “Este trabalho está sendo realizado em parceria com professores dos cursos de Agronomia e Nutrição, onde também é possível a participação de estudantes de projetos de pesquisa e TCC. Quando tivermos produtos, estaremos divulgando em nossas páginas, nas redes sociais, a disponibilidade e os locais de comercialização. Então segue nosso convite para que nos sigam no Facebook Horta Cor & Sabor e Instagram @hortacoresabor”, finalizou.