Se, em décadas passadas, italianos e alemães constituíram a base migratória das cidades gaúchas durante a formação histórica, uma população predominantemente jovem, na faixa entre 18 e 39 anos, e com maior proporção de pessoas negras em relação aos dados do perfil geral dos moradores são algumas das principais características dos novos imigrantes do Rio Grande do Sul e da nova onda de imigração de Passo Fundo, que concentra 3% da população de novos estrangeiros no território gaúcho.
As informações sobre o perfil dos imigrantes foram divulgadas na terça-feira (17) a partir do estudo produzido pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), em parceria com a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH). O material teve como fonte as estimativas do Cartão Nacional da Saúde de dezembro de 2019, que mostram os dados acumulados de pessoas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado desde o começo dos anos 2000, e também informações do Cadastro Único do governo federal relativas a agosto de 2020.
Quanto ao país de origem dos imigrantes, Haiti e Senegal lideram o ranking nessa fonte de dados a nível Estadual com uma proporção maior de homens que ingressam no território gaúcho para fixar residência seguido por Venezuela, Argentina e Uruguai.
CadÚnico
No comparativo com a base de dados dos ingressantes, mantida pelo Ministério da Saúde, nos últimos 10 anos, Passo Fundo caiu de 6° para 12° lugar entre as localidades onde há maior inclusão de imigrantes no sistema do Cadastro Único, instrumento que possibilita o mapeamento de famílias de baixa renda. Quando a fonte é o CadÚnico do governo federal, informações como grau de instrução e faixa de renda dos imigrantes são incluídas à base de dados. Aqui, a população de imigrantes cadastrada, no município, chega a 326, segundo a última projeção de agosto deste ano.
Em relação à renda, o estudo governamental apontou que 47,8% dos imigrantes recebe até R$ 89 per capita ao mês, o que os inclui na faixa da extrema pobreza. Em relação ao grau de instrução, ela apresenta escolaridade superior ao restante do cadastro, incluindo brasileiros, com destaque para o percentual de pessoas com Ensino Médio completo (26,4%) contra 11,4% dos nativos do Brasil e Superior Incompleto ou mais (9,4%) contra 2,7% dos demais cadastrados no sistema para o recebimento de auxílios federais.
A proporção de mulheres é, também mais alta chegando a 52,8% da população estrangeira com dados coletados, que podem estar relacionados às características dos programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família, que prioriza as mulheres como responsáveis pelo recebimento do benefício financeiro. Entre os imigrantes inscritos no Cadastro Único, 39% são beneficiários do Bolsa Família, percentual proporcionalmente menor do que o da população em geral (44%).
No Estado
Conforme os dados do SUS, o número de imigrantes no Rio Grande do Sul chega a 50.156 pessoas, espalhadas por 464 dos 497 municípios do Estado. Quanto ao perfil da população, é, em sua maioria, branca (56,4%), preta (34,3%) e parda (7,4%). Em relação ao levantamento do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o Estado, são proporções que não acompanham o perfil geral da população, que é predominantemente branca (82,3%), com um percentual menor de pretos (5,57%).