Os trabalhadores do transporte coletivo urbano de Passo Fundo devem se reunir, nesta quarta-feira (25), para avaliar a possibilidade de adesão à greve da categoria pelo reajuste salarial dos trabalhadores. Embora as empresas e os representantes sindicais ainda não tenham chegado a um acordo na mesa de negociação, os ônibus circulam normalmente ao longo do dia.
Ao menos, foi o que sinalizou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos Urbanos de Passo Fundo (Sindiurb), Miguel Valdir Santos Silva. “A categoria está revoltada. No momento de voltar a negociação, a empresa vem com essa intransigência. Estamos discutindo o reajuste antes da pandemia com a data-base de março de 2019 a fevereiro de 2020”, disse. De acordo com ele, as empresas não estariam oferendo um aumento salarial, mas a reposição inflacionária para os mais de mil trabalhadores que exercem as funções de motorista e cobrador nos coletivos que fazem as linhas nos bairros e zonas centrais da cidade. “Estamos discutindo o que ela (empresa) já ganhou, não o que está acontecendo agora. Os efeitos da pandemia serão discutidos em março em uma nova negociação”, afirmou Silva.
A assembleia da categoria será realizada no começo da manhã, às 5h30min, antes de os ônibus começarem a circular no portão da Coleurb e, à tarde, no centro de Passo Fundo.
O que diz a empresa
Horas após os primeiros indicativos de greve, a Coleurb se manifestou por meio de nota alegando preocupação com a “falta de compreensão” de integrantes da liderança sindical e alguns trabalhadores da categoria do transporte coletivo. Nas duas rodadas de negociação que antecederam a assembleia-geral dos trabalhadores, diz a empresa, foi proposto um reajuste de 2% no salário e um vale-alimentação no valor de R$ 455,00 de março a novembro e de R$ 480,00 de dezembro a fevereiro de 2021, além do pagamento integral do 13º para os empregados com redução proporcional, independentemente das orientações do Ministério da Economia, e pagamento do 13º salário aos empregados com suspensão de acordo com nos meses trabalhados.
A porcentagem, entretanto, estaria abaixo dos 4,5% reivindicados pela categoria, de acordo com o presidente do Sindiurb. A redução no fluxo de passageiros em razão da pandemia, conforme argumentou a empresa, fez com que a média de 45 mil usuários do transporte público, por dia, diminuísse. No início da pandemia, como exemplifica o comunicado da Coleurb, o transporte caiu para 8 mil passageiros, em média, por dia representando aproximadamente 18% da quantidade habitual. Nos meses de abril e maio, o número de usuários se manteve entre 15 e 20 mil por dia. A partir de junho, em virtude de algumas alterações na legislação e respectivas flexibilizações, a média transportada ficou em 20 mil, chegando, em outubro, a 24 mil passageiros por dia, representando entre 48% e 50% do total antes da pandemia. “Em não havendo uma visão coerente e uniforme com este quadro, a Coleurb será obrigada a fazer mudanças para garantir a sua sustentabilidade”, diz a nota.