Ônibus Lilás em Passo Fundo reforça alerta da violência contra a mulher

A ação percorrerá diversas cidades do Rio Grande do Sul

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Lucas Marques / ON Lucas Marques / ON
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Como parte das atividades da campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher”, Passo Fundo foi um dos municípios gaúchos que receberam a visita do Ônibus Lilás, ocorrida na tarde dessa segunda-feira (30), na Praça Central. A partir de uma parceria entre diversas entidades estaduais e municipais, o ônibus está percorrendo, entre os dias 26 de novembro e 11 de dezembro, as 16 cidades com o maior índice de violência do programa do governo do Estado, RS Seguro.

O Ônibus Lilás é um veículo adaptado para o suporte à mulheres vítimas de agressão. Nele, constam duas salas, projetadas para o atendimento das vítimas, realizado através de profissionais do município em que o veículo encontra-se. “A principal ideia do ônibus é que ele vá até o interior do município, onde as mulheres têm dificuldade de locomoção para vir ao centro, que é onde fica toda a rede de apoio. É pensando nessas mulheres que a gente leva o Ônibus Lilás até elas”, afirma a diretora de Políticas Públicas para Mulheres do Estado do RS, Bianca Feijó. Segundo ela, a ação busca impactar a população a respeito do tema. ”A intenção da campanha é realmente chamar a atenção e mostrar para essas mulheres que elas não estão sozinhas. É uma responsabilidade coletiva nossa de que a gente torne o mundo mais seguro e protetivo para as mulheres. Quanto mais informações disseminarmos, mais conseguiremos salvar vidas”, ressalta.

Para Bianca, as informações sobre os dados e as plataformas de apoio às mulheres são o fator mais importante para elas. “As informações não estão chegando às vítimas, e quando a informação chega, elas automaticamente começam a procurar os serviços. É uma rede de proteção que está ali, disponível de graça para ela, e a mulher só não tem essa informação. Por isso a importância de falarmos cada vez mais”, indica Feijó. De acordo com ela, o Rio Grande do Sul está no sexto mês consecutivo de redução de feminicídios em relação ao ano passado. “No mês de outubro, tivemos quatro feminicídios, e nenhuma dessas mulheres procurou ajuda policial ou fez um Boletim de Ocorrência”, aponta.

Números em Passo Fundo

Já em Passo Fundo, segundo dados da Patrulha Maria da Penha, de janeiro a outubro deste ano foram registrados 671 casos de ameaça a mulheres, 336 casos de mulheres vítimas de lesão corporal, 21 mulheres vítimas de estupro, três vítimas de feminicídio e nove mulheres vítimas da tentativa do crime. Devido aos altos índices de contaminação pelo novo coronavírus na cidade, o Ônibus Lilás não realizou atendimentos durante sua passagem por Passo Fundo. “Optamos por não fazer atendimentos, para respeitar todas as regras de segurança que a Secretaria de Saúde exige. Todas as instituições estão aqui para conversar, distribuir materiais informativos e encaminhar mulheres para as redes de proteção”, conta Bianca.

Conforme a integrante  da Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo (CDHPF), Edivânia Rodrigues da Silva, o Estado possui o compromisso com as mulheres e ele deve ser cobrado para que esse direito seja garantido. “Até que a gente olhe a violência doméstica, contra a mulher, como uma questão privada, a gente acha que em briga de mulher não se mete a colher. Então a mulher pede socorro e a gente não dá importância. Agora quando eu entendo que a violência contra a mulher é uma questão pública, eu vou ligar para o 180, informando”, destaca Edivânia.

Já de acordo com a coordenadora Municipal da Mulher de Passo Fundo, Eni Hanauer, a mulher que sofre agressão física e/ou psicológica muitas vezes tem medo de registrar ocorrência contra seu agressor e não ter o amparo necessário. “A rede de atendimentos hoje dá um suporte para a mulher. Ela vai na delegacia, faz o registro e de lá mesmo, se ela quiser, já é encaminhada para uma casa de apoio que o município possui. De lá, ela recebe todo o amparo, temos monitor que acompanha ela na audiência e que dá todo o amparo para ela”, comenta Eni.

Diversas entidades estiveram presentes durante a ação do Ônibus Lilás na cidade, tais como a Patrulha Maria da Penha, da Brigada Militar, a Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), da Polícia Civil, a Coordenadoria Municipal da Mulher, Comissão dos Direitos Humanos de Passo Fundo (CDHPF), Promotoras Legais de Passo Fundo (PLPs), entre outras. Após sair de Passo Fundo, o Ônibus Lilás irá para o município de Cruz Alta. Em seguida, seguirá para outras oito cidades até encerrar seu roteiro. A campanha dos “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher”, que teve início em 20 de novembro, contará com atividades sendo realizadas até o dia 10 de dezembro.


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