A cesta básica média de uma família passo-fundense teve alta de R$219,05 entre dezembro de 2019 e o mesmo mês de 2020. O valor passou de R$ 889,56 para R$ 1108,61, o que representa uma alta de 24,62%. Enquanto em dezembro do ano retrasado 0,89 salário mínimo era suficiente para a aquisição da cesta, em dezembro de 2020 era necessário mais de um salário mínimo, mais especificamente, 1,6 salário.
As informações são do boletim do Centro de Pesquisa e Extensão da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (CEPEAC) da Universidade de Passo Fundo (UPF), que também aponta que o custo dos produtos que compõem a cesta básica apresentou uma alta de 2,23% em dezembro de 2020, quando comparado com os preços médios praticados em novembro de 2020. No mês de novembro, foram necessários R$1084,41 para a aquisição da cesta, já em dezembro o custo foi de R$1108,61, o que representa uma alta de R$24,23 por cesta.
Cinco fatores são elencados como causadores desse aumento pelo professor Julcemar Zilli, um dos responsáveis pelo boletim. O primeiro é o valor das commodities internacionais. “Quando esses produtos estão com seus preços elevados, tudo que usa a matéria prima proveniente dessas commodities tem aumento de preço”, explica o economista. Um exemplo é a soja que influencia o preço do óleo de soja. O terceiro fator também está relacionado à produção. “Por exemplo, o arroz vinha ocorrendo uma redução da produção, mas como aumentou a demanda por causa da pandemia, faltou arroz no Brasil e aumentou o preço”, exemplifica o professor.
A pandemia influenciou os preços por aumentar a demanda, com mais gente comendo em casa e estocando alimentos, o que foi comum no começo da crise. Além disso, países da Europa e Ásia passaram a importar mais do Brasil. Esse fator está unido à questão do dólar, que aumentou. “Nosso produto lá fora ficou bastante competitivo. Para o brasileiro era mais lucrativo vender para o exterior e acabou faltando produto interno”, explica o professor.
O principal efeito do aumento da inflação é a diminuição do poder de compra das famílias.
Produtos
A cesta analisada é composta apenas por produtos do grupo alimentação, higiene pessoal e limpeza doméstica. Entre os dez itens que obtiveram maior alta de preços, oito são pertencentes ao grupo da alimentação e dois ao grupo da higiene pessoal. Os produtos que acumularam maiores altas de preços em dezembro foram: absorvente, lâmina de barbear e laranja.
2021
É esperado que a partir de março e abril os preços comecem a ser controlados, com a entrada de mais produtos no mercado “Com a entrada da safra muitos produtos começam a ter seus preços um pouco mais controlados, mas também depende da pandemia”, ressalta Zilli. A expectativa é que ela esteja controlada no primeiro semestre com a aplicação das vacinas. “Se demorar por mais tempo as pessoas e os países vão continuar estocando, aí não teremos a redução. Tem que ficar de olho na extensão da pandemia”, destacou o economista.