Não foi apenas o novo hábito de usar máscara e higienizar as mãos com frequência que o brasileiro adquiriu durante a pandemia. Refletida na pesquisa da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (BRAZTOA), o planejamento de viagens de curta distância também passou a ser uma prática adotada pelos turistas quando a barreira sanitária começou a ficar mais flexível. E, nessa pesquisa de roteiros, o turismo rural despontou como uma das principais opções para as atividades recreativas em Passo Fundo.
Nos 110 hectares que resguardam a propriedade do produtor, Leandro Lacourt, o trabalho familiar apoiado por outros 16 funcionários atrai turistas para o Distrito de Pulador, no interior no município. Embora as atividades sejam pensadas para o ambiente aberto, em contato direto com a natureza, os protocolos de segurança adotados na sede da Fazenda Tropeiro Camponez trazem consigo mais um dos efeitos da pandemia. “Nós mudamos os banheiros para ficar mais seguro e a área de refeição compartilhada”, conta Lacourt.
Seja para a programação na área de preservação ambiental, nas zonas frutíferas ou nos passeios a cavalo, os grupos também foram reduzidos. “Ficamos 45 dias fechados. Antes, recebíamos 40 pessoas por dia e nos finais de semana. Agora, apenas no sábado e domingo”, afirmou o proprietário. Isso não significa, contudo, que o local esteja despovoado. “A nossa agenda está sempre lotada”, sorri Lacourt. “A procura é muito grande, mas o Rio Grande do Sul ainda está muito devagar nessa questão”, observa.
Demanda crescente
Responsável pela área de turismo rural no escritório regional, a extensionista da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, Luciana Gobbi, menciona que o potencial turístico nas propriedades interioranas está sendo melhor aproveitado neste período de crise sanitária, sobretudo, pelas famílias que buscam uma programação mais perto de casa. “Eles estão tentando encontrar atrativos”, pondera. Com isso, as novas rotas se abrem também na região, como em Ernestina, Lagoa Vermelha, São Domingos do Sul, Casca e Marau, segundo exemplificou Luciana.
Assim como o fechamento de fronteiras e o estreitamento das distâncias, a mudança no comportamento do turista impactou de forma positiva a economia emergente do setor. Uma pesquisa divulgada pelo site de reserva de acomodações Booking.com, em outubro do ano passado, apontou que 81% dos turistas só fazem a reserva de local caso haja clareza sobre as medidas de saúde e higiene que foram adotadas. “O problema do turismo rural na nossa região é ainda estar um pouco distante da nossa cultura. É um trabalho muito exigente porque você está em contato direto com pessoas e o agricultor, muitas vezes, está acostumado a trabalhar apenas com animais”, analisou o proprietário Leandro Lacourt.