Até ontem (18), Passo Fundo havia registrado 347 mortes em decorrência da Covid-19. A doença, que fez sua primeira vítima na cidade no começo de abril do ano passado, elevou o total de mortes no município em 20,4%. Entre março de 2020 e fevereiro de 2021, período considerado como “ano da pandemia”, 1.956 óbitos foram registrados em Passo Fundo.
O número é ainda mais impressionante quando comparado com a média histórica desses mesmos meses, desde 2003. O aumento chega a 50,41%. Os dados são da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Rio Grande do Sul (Arpen/RS).
O Portal da Transparência do Registro Civil mostra os registros de óbitos com suspeita ou confirmação de Covid-19 em Passo Fundo, os óbitos diários e a média móvel dos últimos sete dias. O histórico aponta as elevações de mortes entre julho e agosto e também entre dezembro e janeiro. A média móvel, no entanto, teve o maior crescimento a partir deste mês março, quando chegou a quatro óbitos por dia, nos últimos sete dias, entre 8 e 10 de março.
O Portal tem a base de dados abastecida em tempo real pelos atos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.
Cemitérios
Responsável pela divisão de cemitérios e capelas mortuárias de Passo Fundo, Ezequiel Canopf, afirma que “o serviço praticamente dobrou”. Em torno de 90% das vítimas da doença foram sepultadas em cemitérios municipais.
O cenário se agravou recentemente. “De um mês para cá aumentou praticamente em uns 70% os óbitos por Covid”, disse Ezequiel. Com pouco espaço, muita demanda e alta probabilidade de óbitos, covas são abertas antecipadamente.
Velórios
A doença afetou também os ritos de despedida, como os velórios e sepultamentos. “A orientação é ter pouca gente, um fluxo menor de pessoas, álcool em gel e estar sempre de máscara. Se for enterro de vítima da Covid, o enterro é muito rápido”, conta Ezequiel.
No Memorial Vera Cruz não foi percebido um aumento da procura pelos serviços em relação à média anterior da pandemia e os números de março ainda não foram fechados. Ainda assim, a pandemia alterou a rotina no local. Os velórios passaram a ter horários restritos e limitação do número de pessoas. “Para quem perdeu familiar para a covid-19 esse cenário é ainda mais triste. Muitas famílias não viam a pessoa há muito tempo, devido às internações. Nesses casos, os familiares não puderam se despedir, tanto pela proibição de se realizar velórios, quanto pela forma como saíram do hospital (em caixões lacrados)”, informou o departamento do Memorial.