Instalado há mais de dois anos na casa totalmente construída a partir de material reciclável, o biólogo Alexandre Giusti, 33 anos, decidiu ter chegado o momento de tocar o projeto adiante. O Ecolar, como ficou conhecida a moradia dele, vai ganhar um salão anexo na parte da frente do terreno. Seguindo a mesma filosofia ambiental da primeira construção, a obra deverá contar com aproximadamente 50 mil garrafas, além de vários outros materiais reaproveitáveis.
O projeto de ampliação começou a sair do papel há poucas semanas. Pelo menos 25 postes, que já serviram para iluminação das ruas de Passo Fundo e foram substituídos pela RGE, estão sendo fixados para garantir a sustentação.
O passo seguinte será uma contenção, de aproximadamente 1,30 metro de altura, usando basicamente garrafas e pneus, para posteriormente preencher com terra.
Assim como na obra anterior, as paredes serão revestidas de garrafas, garrafões e cimento. O projeto, assinado pela arquiteta Géssica Cacenote, prevê telhado verde e um pequeno lago. Para erguer o Ecolar, Alexandre contou com muitas mãos amigas durante todo o processo. Desta vez não será diferente.
Além das doações de materiais que chegam a todo o instante, voluntários se oferecem para auxiliar nas tarefas, mesmo sem nunca terem trabalhado em algo do gênero. “Qualquer ajuda é bem- vinda. Desde a mais simples, como lavar as garrafas. O importante é fazer parte do processo”, explica.
Com a conclusão do salão, o biólogo pretende usar o espaço para oficinas de bioconstrução, yoga, educação ambiental, técnicas de Reiki, meditação, Shiatsu e ritual religioso com oferecimento do chá ayahuasca. “Conforme vai entrando o material e também recursos, vamos tocando a obra. Estamos dando uma destinação correta para diversos objetos que seriam jogados na natureza por muito tempo ” conta.
Modelo de sustentabilidade
Construído por entre bergamoteiras espalhadas pelo terreno doado pelo avô, na rua 1º de Maio, no bairro Lucas Araújo, o Ecolar atrai curiosos, estudantes da rede pública e ecologistas para visitas guiadas.
Na construção da casa ecológica, Alexandre utilizou oito mil garrafas, principalmente nas paredes. A cobertura conta com telhas produzidas a partir de caixas de leite (tetra park). Para os degraus da entrada, no lugar de tijolos, pneus. Praticamente toda a madeira é de reaproveitamento.
A moradia é dividida entre banheiro, cozinha, uma pequena sala e um quarto, no andar de cima. O gás é fornecido pelo biodigestor (home biogás). O equipamento é um sistema autônomo de digestão anaeróbia que trata adequadamente os resíduos orgânicos (restos alimentares, esterco animal e fezes humanas).
Para realizar seu sonho, Giusti contou com muita solidariedade e um investimento em torno de R$ 30 mil. “Só tenho a agradecer ao meu avô que deixou esse terreno. Também para todas as pessoas que acreditaram no projeto, que incentivaram, ajudaram doando material, com o trabalho na construção”.
Se o Ecolar chama atenção dos visitantes pelo aproveitamento dos materiais, a decoração também é um capítulo à parte. Alexandre não poupou criatividade para dar uma identidade própria ao ambiente. O interior é todo decorado com artesanatos, produzido por ele, e presente de amigos, instrumentos musicais e quadros. A metade de um Fusca foi improvisada para o ‘cantinho das crianças’. “A frase que mais ouço dos visitantes é – tudo é tão mágico. As pessoas vêm aqui e percebem que é possível realizar a ideia de uma casa ecológica”, complementa o biólogo. Mais informações sobre o ecolar podem ser obtidas no Instagram, @ecolarpf ou @aliengiusti