Inscrições para vaga de recenseador encerram com procura abaixo do esperado

De acordo com o último balanço divulgado pelo IBGE, em Passo Fundo o número de inscritos foi inferior a dois concorrentes por vaga

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(Foto: Divulgação/IBGE)(Foto: Divulgação/IBGE)
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As inscrições do processo seletivo para contratação temporária de mais de 180 mil recenseadores, que devem trabalhar no Censo Demográfico 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), encerraram no dia 19 de março. Em Passo Fundo, estavam disponíveis 192 vagas para o cargo e, conforme o balanço mais recente – divulgado pelo órgão no dia 16 deste mês –, aproximadamente 300 pessoas disputavam a vaga. O boletim atualizado, com o número total de inscritos até a data-limite, deve ser divulgado nos próximos dias. “Os números ainda estão sendo apurados. A gente deve ter registrado mais inscritos do que o divulgado no último boletim, mas ainda assim, até então, o número que tinha no município não chegava nem a duas pessoas por vaga”, explica o coordenador do IBGE em Passo Fundo, Jorge Bilhar.

O índice é considerado baixo para um município de mais de 200 mil habitantes. “Deveremos ter pessoas suficientes para preencher todas as vagas de recenseador, mas é menos do que esperávamos. Considerando o cenário de desemprego que estamos vivendo e que essas vagas eram oportunidades de renda, achamos que o interesse foi baixo”, comenta o coordenador, desconhecendo os motivos que poderiam ter causado o receio das pessoas em se inscreverem. “Talvez seja por medo da pandemia, mas todos os protocolos do Censo 2021 estão sendo elaborados para que os recenseadores estejam protegidos. Além de ter os EPIs, eles não precisam entrar na casa das pessoas, eles podem ficar no portão para preencher o questionário”, justifica. A taxa de inscrição para participar do concurso, neste ano, custava R$ 25,77.

Conforme o edital, os recenseadores ficam responsáveis por realizar a coleta, presencialmente e/ou por telefone, das informações do Censo Demográfico 2021 em todos os domicílios do setor censitário que lhe foi atribuído no âmbito da sua área de trabalho. Eles serão remunerados por produção, calculada por setor censitário, conforme taxa fixada, unidades recenseadas (domicílios urbanos e/ou rurais), tipo de questionário (básico ou amostra), pessoas recenseadas e registro no controle da coleta de dados. Para concorrer à vaga, é necessário ter ensino fundamental completo. A previsão é de que as provas objetivas para escolha dos candidatos sejam aplicadas presencialmente no dia 25 de abril.


Corte no orçamento ameaça realização do censo

A previsão é de que o Censo Demográfico de 2021 seja realizado entre os meses de agosto e outubro deste ano. No entanto, uma proposta de corte na verba destinada à pesquisa colocou em risco a realização do Censo. Isto porque, embora a proposta encaminhada ao Congresso no ano passado previsse R$ 2 bilhões para execução da pesquisa, o parecer final apresentado pelo relator-geral da Comissão Mista Orçamentária do Congresso Nacional retira R$ 1,76 bilhão do orçamento, restando apenas R$ 190,7 milhões.

Em nota, o IBGE afirmou que, se confirmado, o corte da verba inviabilizará a realização do censo. “O IBGE conta com o apoio da Comissão Mista de Orçamento na próxima votação para que esse cenário seja revertido. O país necessita das informações geradas pelo Censo, que são essenciais para subsidiar políticas públicas em diversas áreas, especialmente em um contexto de pandemia, onde esses dados são estratégicos para o avanço da vacinação e para o planejamento de infraestrutura em saúde”, salienta o comunicado.

O órgão estima que cerca de 213 milhões de habitantes, em aproximadamente 71 milhões de endereços, sejam visitados pelos recenseadores nos 5.570 municípios do país, caso o censo seja realizado. A pesquisa revelará, entre outras informações, as características dos domicílios, identificação étnico-racial, nupcialidade, núcleo familiar, fecundidade, religião ou culto, deficiência, migração interna ou internacional, educação, deslocamento para estudo, trabalho e rendimento, deslocamento para trabalho, mortalidade e autismo. Realizado a cada dez anos, o Censo Demográfico é a principal fonte de referência para o conhecimento das condições de vida da população em todos os municípios do país.

Coordenador do IBGE em Passo Fundo, Jorge Bilhar relembra que o último censo aconteceu em 2010 e destaca que é imprescindível que as informações coletadas pela pesquisa sejam atualizadas. “Se o censo não sair, será um apagão histórico. E quem vai pagar por isso são os municípios. Esses dados servem para estimar, por exemplo, quanta verba deve ser destinada pelo governo federal, calcular o fundo de participação, criar parâmetros para a realização de projetos sociais... Como o governo poderá desenvolver programas e projetos se ele não sabe como é a população de cada lugar?”, questiona. 

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