Junto à mochila e materiais escolares, estava o álcool gel e a máscara facial, que não saiu do rosto dos estudantes durante todos os períodos. No chão, fitas demarcavam os quadrados onde cada classe deveria permanecer para que os pequenos estivessem em uma distância segura uns dos outros. Antes de os portões serem reabertos à comunidade escolar, na manhã de segunda-feira (3), os funcionários das escolas públicas se apressaram em baldear os entornos e isolar os espaços de uso comum.
A EMEI Maria Elizabeth, no Bairro São Cristóvão, foi uma das seis escolas de Educação Infantil a receber os estudantes nesta retomada gradual das atividades educativas. A diretora, Arlete Nadal Manfrói, destacou o diálogo sobre esses protocolos adotados para garantir a segurança dos pequenos e dos docentes como essencial. “Estamos retornando gradualmente com todos os cuidados necessários e dialogando muito com as famílias sobre a importância de eles também conversarem com as crianças a respeito do uso da máscara, do álcool em gel e do distanciamento”, pontuou.
Segundo a diretora, a maioria dos pais se sente seguros para encaminhar os filhos à escola. De um total de 140 crianças aptas a retornarem, 134 tiveram suas presenças confirmadas. “É um número bem expressivo e estamos muito confiantes neste processo, porque a escola está preparada e equipada para recebê-los com segurança e condições sanitárias”, considerou.
Na turma de pré-escolar da professora Camila Vigonoschi Teixeira, as alunas Alyssa De Moraes de Oliveira e Ysabelli Vitória dos Santos, ambas de cinco anos, estavam empolgadas para ouvir, presencialmente, as instruções da docente. “Elas duas estão muito animadas pelo retorno. Vieram de máscara, estão respeitando a distância entre as classes e, com frequência, passamos álcool em gel juntas. Tanto a Alyssa quanto a Ysabelli faziam as atividades online e vão continuar recebendo os exercícios e as tarefas para fazer em casa, mas poder acompanhar e ensinar elas aqui, em sala de aula, é muito melhor”, relatou Camila.
Em outra sala de aula, Davi Boscato Belani, de cinco anos, tinha muito assunto para conversar. “Eu tava com saudade da escola, do pátio, de poder ver a professora”, contou ele, enquanto fazia uma atividade de desenho e aguardava o horário do lanche. “A professora disse que a gente só pode tirar a máscara para comer e beber água”, relatou o estudante.
Protocolos
Os educandários, segundo informou um comunicado à imprensa da Prefeitura Municipal, estão sendo visitadas por uma comissão instaurada pelo Comitê de Orientação Emergencial (COE), que verifica as adequações e a segurança dos espaços. “A volta às salas de aula é muito importante para o desenvolvimento e o aprendizado das crianças, que estão afastadas há um longo tempo. Mas isso precisa ser feito com calma, seguindo uma série de processos que possam garantir que elas, suas famílias, professores e servidores estarão seguros”, afirmou o prefeito Pedro Almeida (PSB).
Conforme o secretário de Educação, Adriano Canabarro Teixeira, as equipes das instituições passaram por um processo de capacitação e também orientaram as famílias sobre os cuidados que precisarão ser adotados. “Na última semana, professores e servidores tiveram treinamentos virtuais sobre os protocolos e estão entregando cartilhas aos pais. Os diretores receberam, ainda, um material de check list com os cuidados. A Secretaria proporciona as ferramentas para que as escolas sejam ambientes seguros para toda a comunidade escolar. O retorno é necessário do ponto de vista pedagógico e ele pode ser seguro”, avaliou.
A garantia dessa segurança sanitária, aludida pelo secretário, para o retorno das aulas presenciais aos educandos dos colégios públicos, após meses de ensino remoto e disputas judiciais, foi ordenado. Ao menos, esta foi a impressão que o presidente do CMP Sindicato, Eduardo Albuquerque, teve ao visitar os centros de ensino municipais na manhã de ontem. “Elas estão seguindo todos os protocolos rigorosos e me parece que há um bom controle por parte das escolas e dos professores”, observou. Ainda assim, contou, a entidade de classe montou um controle de monitoramento estatístico para potenciais casos constatados nas escolas, tanto em alunos como em professores. “A partir desse controle, queremos evitar que haja contágio na escola e que ela tenha problemas nesse sentido”, explicou Eduardo ao mencionar que canais de comunicação também foram abertos aos docentes para relatar eventuais adversidades.
Cronograma
Essa retomada gradual das atividades educativas começou a ser planejada na última quarta-feira (28) pela Secretaria Municipal de Educação. Na segunda-feira, como lembrou a Prefeitura Municipal através da assessoria, apenas os alunos em idade pré-escolar, entre 4 a 5 anos, frequentaram as escolas autorizadas a reabrir para as atividades que ocorrerão com apenas 25% dos estudantes por turma. Isso significa que, em uma sala, haverá, no máximo, cinco crianças e um professor enquanto os demais estudantes permanecem em ensino remoto pela plataforma Google Workspace ou realizam os deveres escolares retirados nas secretarias dos centros de ensino.
O secretário de Educação de Passo Fundo enfatizou, ainda, que os pais devem aguardar o contato das escolas, que tiveram o cronograma previamente apresentado e orientarão as famílias sobre as aulas presenciais. “Até lá, as atividades seguem no mesmo padrão que vem sendo executado até agora, pela plataforma virtual”, destacou. A análise acerca do retorno das primeiras seis EMEIS, segundo ele, auxiliará a Secretaria nos ajustes para a retomada de demais instituições. “Iremos acompanhar as estratégias didáticas e organização para que possamos retomar com mais escolas. Na semana que vem, a ideia é estender para mais seis escolas de Educação infantil e iniciar com seis de Ensino Fundamental”, pontuou Teixeira.
A partir do dia 10 de maio, diz o cronograma municipal, o retorno híbrido às aulas do primeiro grupo de escolas dos primeiros e segundos anos do Ensino Fundamental terá início seguindo as mesmas regras adotadas para a Educação Infantil. “O Município busca, por meio desse cronograma, garantir o retorno responsável e seguro para toda a comunidade escolar”, salientou a assessoria de imprensa da PMPF por meio de nota.
No Estado
Assim como os estudantes da rede pública municipal, os educandos matriculados nos colégios estaduais regressaram aos centros educativos sob as mesmas determinações. Durante as primeiras horas da manhã, que marcava o início das aulas regulares, a coordenadora da 7ª Coordenadoria Regional de Educação (7ªCRE), Carine Weber, também percorreu os educandários para averiguar o cumprimento das normas sanitárias.
Isso porque, como orientou a Secretaria Estadual de Educação, as escolas que não estiverem em conformidade com os protocolos e orientações do governo do Estado não terão autorização para receber estudantes presencialmente. Seguindo o calendário, nesta primeira etapa, os alunos da Educação Infantil e 1º e 2º anos do Ensino Fundamental já tiveram as primeiras atividades presenciais.
Na quarta-feira (5), é a vez dos estudantes de 3º, 4º e 5º anos do Ensino Fundamental regressarem à escola quando, na sexta-feira (7), eles devem se encontrar com os alunos dos anos finais do Fundamental. O primeiro ano do Ensino Médio, prevê o governo estadual, retorna a partir de segunda-feira (10) seguido pelos 2º e 3º anos do mesmo nível educacional, no dia 12. Ensino Técnico e Curso Normal voltam no dia seguinte (13).
O calendário para as escolas que ofertam somente Ensino Médio, escolas EJA e Neejas, educação profissional e escolas especiais terão até esta terça-feira (4) para se adequar aos protocolos sanitários para retornar na quarta-feira (5) com as aulas presenciais.