O mês de abril fechou com 57 mortes provocadas pela Covid-19. O dado representa redução de 49,5% em relação a março, considerado o mais letal desde o início da pandemia, com 113 óbitos. Mesmo com índice caindo praticamente pela metade, 2021 acumula mais da metade das 460 mortes pela doença em Passo Fundo. Além disso, abril deste ano é um dos meses com mais óbitos por Covid-19.
Em dezembro, o epidemiologista e ex-secretário municipal de Saúde, Luiz Artur Rosa Filho havia feito o alerta. “Se estamos com essa piora e não fizermos nada, teremos 50 óbitos por mês”. Atualizando a análise, ele observa que a curva que vinha crescendo em dezembro arrefeceu em janeiro, mas teve outro pico com a nova onda. “Nosso pior momento foi no início de Março, com mais de 100% de ocupação hospitalar e de tratamento intensivo. A previsão era de que teríamos mais de 50 óbitos por mês, aconteceu”. A maior circulação de pessoas, durante as festas e férias, e a nova variante, são novamente apontadas como principais fatores.
Variante
Em relação à variante, o médico lembra que ela passou a afetar mais os jovens e elevou a letalidade. “No Rio Grande do Sul passou de 1,9% para 2,6%. Passo Fundo vem com letalidade de 1,7%, em uma região com bastante idosos”, explica Luiz.
Queda
Por outro lado, o número de casos ativos está estabilizado, não passando de 400 desde o final de abril . Apenas na semana entre 28 de fevereiro e 06 de março, o registro de casos passou de 1,5 mil. Já entre 11 e 17 de abril foram 393 novas confirmações.
Conforme Artur, essa diferença entre dados de óbitos e casos ocorre porque o indicador que contabiliza as mortes é o último a cair sempre. “Ele é o desfecho da epidemia”, enfatiza. A redução dos indicadores vem ocorrendo, com queda nos casos e atendimentos de saúde. “Todos estes resultados ainda sã das reduções de circulação viral das restrições de Março. Ou seja, o número de casos em Passo Fundo começa a cair em 15 de março, as internações no início de Abril e os óbitos em meados de Abril”, estima o epidemiologista.
Efeitos da imunização
A retirada das restrições é considerada “coerente” pelo ex-secretário, além disso, a vacinação segue ocorrendo em Passo Fundo. “A estratégia federal de vacinar comorbidades privilegia a redução de riscos de óbitos em sacrifício da circulação viral que acontece em pessoas sem comorbidades. Este fator coloca em maior risco aqueles que optaram por não vacinar”, aponta. Ainda assim, a vacinação é comemorada. “Cada aplicação no Lalau Miranda nos deixa mais perto da volta à normalidade”, diz o epidemiologista.
A estimativa é de manter a média de um óbito por dia, com base nos casos ativos dos últimos dias e da taxa de letalidade. “É a imunização dos idosos e daqueles com comorbidades que sustentará o retorno às aulas nas escolas, pois já temos idosos protegidos com duas doses”, explica Luiz Artur.
O especialista acredita que a vacinação já está tendo efeito nas internações, apesar da imunização com segunda dose ainda estar em 10,6%. “Alguns países que vem na frente tiveram os primeiros resultados com 18%. As UTIs de Passo Fundo já estão com jovens predominando porque os idosos estão cada vez mais protegidos”, analisa.
Notícia atualizada às 14h60