Passo Fundo é o terceiro maior eixo de desenvolvimento socioeconômico do Estado

Apesar dos bons indicadores de PIB, coeficientes de mortalidade infantil e gravidez de mulheres jovens estão acima da média no município

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Foto: José Paulo Lacerda/CNI Foto: José Paulo Lacerda/CNI
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Absorvendo uma expansão territorial e de empregos na área de fabricação de máquinas e equipamentos e, em menor proporção, de produtos de metal, a região de Passo Fundo constitui o terceiro maior eixo de desenvolvimento socioeconômico do Rio Grande do Sul, segundo o Atlas apresentado, na sexta-feira (28), pelo governo do Estado. Com isso, o município se integra a Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, Gravataí, Rio Grande, Triunfo, Novo Hamburgo, Pelotas e Santa Cruz do Sul na classificação dos maiores Produtos Internos Brutos que, somados, responderam por 42,3% do PIB gaúcho.  

O documento, elaborado pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), detalha em 206 páginas divididas em cinco macroáreas os dados mais recentes, de 2017 a 2020, o desenvolvimento social, ambiental e econômico do Estado e macrorregiões. “É uma ferramenta de acesso muito importante às Prefeituras porque, ao interpretar os mapas, você consegue fazer um retrato do município”, argumentou a geógrafa e professora da Universidade de Passo Fundo (UPF), Luciane Rodrigues de Bitencourt.  

Esse retrato georreferenciado, aludido pela pesquisadora, consolida Passo Fundo como um polo industrial em evolução, mas mantém o município ancorado nos setores agrícola, de serviço e de saúde. “Além de Passo Fundo, temos Marau e Carazinho que também contribuem muito para o crescimento da nossa região”, destacou a docente. Segundo o Atlas, embora Caxias do Sul concentre 17% dos estabelecimentos e 13% dos empregos no segmento de fabricação de maquinário, se observou um crescimento na abertura de postos laborais na região durante os últimos três anos constituindo uma expansão territorial do eixo industrial de maior tecnologia do Estado.  

Sociodemografia 

Apesar dos bons indicadores econômicos, medidos pela soma total de bens e serviços produzidos, e pelo índice de desenvolvimento socioeconômico alto, sobretudo em geração de renda, e médio em educação, o coeficiente de mortalidade infantil, no município, ficou acima da média estadual em 2018.  

Conforme ilustra o mapa territorial, o óbito de crianças de 0 a 1 ano de idade oscilou entre 24,1 a 48 na escala para cada mil bebês nascidos vivos. Essa mesma proporção foi verificada em apenas outras 11 localidades gaúchas. “Teríamos que localizar onde está essa população. Talvez, se possa associar isso à questão de vulnerabilidade populacional no nosso município em uma situação socioeconômica menos privilegiada”, considerou a geógrafa.  

Para ilustrar o material, houve produção de aproximadamente 300 mapas temáticos, 60 tabelas e 80 gráficos. Fonte: SPGG

Ainda no âmbito da saúde reprodutiva feminina, a gravidez precoce de jovens com menos de 20 anos também está superior à média gaúcha e, como alertou o documento, pode desencadear uma situação de risco para a saúde da mãe e do feto. Mesmo que a proporção de casos de gravidez na adolescência, no Rio Grande do Sul, seja uma das menores do Brasil, a o percentual de partos em jovens mães passo-fundenses está entre os maiores do Estado, segundo o DATASUS. Se, nos hospitais estaduais, essa média foi de 12% do total de nascimentos há 3 anos, em Passo Fundo essa variação percentual esteve entre 18,1 a 37,5%.  

Envelhecimento populacional 

Sendo o 12º município com a maior população do Rio Grande do Sul, o aumento de 10,7% na população residente na cidade em uma década, pode ser justificada, de acordo com as notas técnicas do Atlas, pelas migrações internas, na maior parte das vezes motivadas por fatores econômicos com deslocamentos em direção aos municípios maiores. 

Isso porque, segundo observaram os pesquisadores, o Estado vem apresentando diminuição na taxa de fecundidade, cuja taxa média de crescimento populacional anual registrou decréscimo em muitos municípios, incluindo Passo Fundo. “Na década de 70, as taxas de fecundidade eram de 4,3 filhos por mulher no Brasil e 5,8 no Rio Grande do Sul. Em 2020, conforme projeção, esse número caiu para 1,8 para o Brasil e 1,7 para o Estado”, sustentou o indicador.  

A queda na fecundidade, analisou a professora da UPF, apresenta algumas variáveis que justificam a mudança nos índices de natalidade, como a urbanização das cidades, o uso de métodos anticoncepcionais, a inserção da mulher no mercado de trabalho e o planejamento familiar. “Associado a outros dados, a gente vai conduzindo para um envelhecimento populacional em todo o Rio Grande do Sul”, ponderou Luciane. A curto prazo, contudo, ter menos filhos não deve resultar em um comprometimento das forças laborais. “Em Passo Fundo, o nosso maior percentual populacional é de 15 a 59 anos de idade, que é justamente a população ativa”, ressaltou.  

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