Desde a definição da pauta, até a entrega do jornal impresso para o leitor é um longo e trabalhoso processo. Mas todo a produção é pensada com o objetivo de levar um material relevante, imparcial e ético para a casa de cada um dos leitores. Não existe jornal sem o leitor, e a leitura de um jornal se tornou uma rotina diária para milhares de passo-fundenses. Pessoas que há décadas incorporaram em seu cotidiano a busca por informações, por meio das páginas do jornal O Nacional.
O hábito de ler diariamente um jornal impresso, mesmo com as inúmeras revoluções tecnológicas que aconteceram no último século, é motivado por diferentes fatores, pois cada leitor tem a uma relação única com as páginas de um periódico. Seja para começar o dia bem informado; para desacelerar da rotina; ter mais acesso a conhecimentos gerais; ou para se distrair com crônicas do cotidiano de Passo Fundo, o leitor buscou nas páginas no jornal O Nacional uma mediação entre com o mundo ao seu redor. Para o ON o leitor não é apenas um Ser subjetivo no processo de produção do jornal. Ao contrário, nossos leitores são agentes essenciais na nossa história. E para prestar uma homenagem a todos eles, a reportagem buscou ouvir alguns deles sobre essa relação.
Aprender uma nova língua por meio do jornal
Neto de imigrantes Italianos, Ritenio Bresolin nasceu em 1928 na cidade de Guaporé. Aos 15 anos, buscando uma melhor oportunidade de crescimento em sua vida, decidiu mudar para Passo Fundo. Um dos grandes desafios que enfrentou neste processo foi a língua, já que quando criança aprendeu a falar somente o italiano. Não demorou muito para ele começar a trabalhar, e logo nos primeiros dias passou a ter contato com o jornal O Nacional. Por coincidência, a sede do O Nacional ficava muito próxima ao seu local de trabalho. Rapidamente se aproximou do diretor do jornal Múcio de Castro. Logo, os dois criaram um laço de amizade, pois o contato era praticamente diário. “Ele era muito brincalhão comigo, lembro que falava muito, e sempre fazia muitas brincadeiras e piadas”, disse Ritenio. Para atingir seus objetivos profissionais, Ritenio sabia que precisava aprender a falar e escrever em português. Além disso, o descendente de italiano tinha pretensões de adquirir mais conhecimentos gerais. E foi com estes objetivos que se tornou leitor assíduo do ON. “O jornal estava sempre na empresa, e eu pegava para ler e aprender mais sobre o português. Ao mesmo tempo, eu conseguia saber o que estava acontecendo em Passo Fundo, no Brasil e também no mundo. Um dos assuntos que mais eu lembro de ter lido, foi sobre a queda de Getúlio Vargas, que teve um grande impacto no país. Eu acompanhei pelo jornal O Nacional”, explicou. Há oito décadas, Ritenio mantém um exemplar sempre ao lado da sua cama, pois, com muita frequência, destina um momento do dia para folhear as páginas do jornal, e saber um pouco mais sobre assuntos gerais. “Eu sempre gostei de ler O Nacional, nós tínhamos outras opções, mas eu gosto de ler O Nacional pois ele sempre seguiu uma linha independente, transparente, e sempre estando ao lado do povo”, finalizou Ritênio.
O jornal como uma ligação afetiva
Muitos leitores têm uma ligação afetiva com o jornal O Nacional. Alguns já estiveram do outro lado das rotativas e em algum momento de suas vidas, e tiveram a oportunidade de ajudar ativamente na consolidação e no crescimento do jornal em Passo Fundo. É o caso de Jorge Salton, que tem uma profunda ligação com o jornal, seja como leitor, ou ainda como colaborador e escritor. “Meu avô materno, Armando Annes, foi um dos fundadores do jornal em 1925. Foi ele quem me tornou um grande leitor e me incentivou a escrever”, explica ele.
Salton destaca que entre o final da sua adolescência e início da vida adulta, teve a oportunidade de escrever no O Nacional como cronista. Publicados há mais de meio século, os textos em forma abordavam sobre o cotidiano. Esta contribuição aconteceu entre o final da década de 1960 e começo da década de 1970. “De algumas publicações eu guardei o recorte do jornal: “Amor livre: sim ou não?”, “Simples indiferença”, “O senso de humor como medida de caráter”, “A psicologia dos nossos compositores”, “O carnaval como terapêutica”. E tantas outras. Portanto, me sinto parte daqueles tantos que, de uma forma ou de outra, criaram vínculos com o jornal nessa sua longa existência”, disse ele. E a sensação de pertencimento faz bem. “Nesta data festiva, sinto-me próximo ao meu amigo Múcio e revivo todos os bons sentimentos que guardo até hoje da convivência afetiva e feliz com meu avô Armando Annes”, finalizou.
Companheiro de trabalho todas as manhãs
Não importa se faz frio, calor, sol ou chuva. Todos os dias o empresário Lauro Maldaner é o primeiro a chegar na sua empresa. O turno dos colaboradores inicia somente às 8 horas da manhã, mas diariamente ele chega às 7h15min, vai até a administração e lê as notícias do dia no jornal O Nacional. Esta é sua rotina há mais de 30 anos, pois tornou-se um assinante do jornal assim que abriu a empresa. “Costumo chegar 45 minutos antes dos outros funcionários. Este é o momento em que eu paro para ler as notícias. Somente depois eu deixo em cima da mesa para que outros funcionários, ou meus clientes peguem o jornal para ler”, contou Lauro. Nem sempre as notícias veiculadas são positivas, há dias em que a pauta são assuntos que expõem aspectos negativos do cotidiano. Apesar disso, Lauro comenta que esses também são assuntos que ele costuma ler, visto que a cobertura de fatos negativos é feita com bastante sobriedade pelo jornal. Ele cita como exemplo, a cobertura da pandemia que o Brasil e o mundo está enfrentando. “Tenho acompanhado o dia-a-dia da pandemia, e a cobertura tem sido excelente, sempre bem atualizada. É importante as pessoas acompanharem as notícias e tomarem consciência da situação. Eu vejo com muita preocupação que as pessoas não estão se cuidando, ou estão fazendo aglomerações, e muitas vezes a polícia precisa intervir e agir”, disse ele.
A leitura diária é um habito que ele desenvolveu depois da vida adulta, após ter entrado para o ramo empresarial, e que acabou levando para a rotina da família. “O habito da leitura eu pude desenvolver somente depois que me tornei empresário, pois quando era mais jovem, eu trabalhava muito e não tinha tempo para me dedicar”, finalizou.