OPINIÃO

Direito de viver mais

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No momento em que mais se evidencia o grande dilema dos humanos, acentuam-se as iniciativas de superação da morte. A pandemia é a presença sombria que ceifa vidas, inclusive dos que projetam o sonho da imortalidade. Formou-se uma polaridade. De um lado, a grande maioria e quase totalidade dos seres humanos buscando sobrevivência e longevidade. Uma parcela ínfima de poderosos ou sonhadores cultiva a utopia da imortalidade. As incursões interplanetárias e sondas ultra avançadas povoam a órbita terrestre e pousam em outros planetas. Além da pesquisa científica que impulsiona essas iniciativas há quem pense em encontrar diferentes formas de vida, com propriedades capazes de eternizar a vida. A mitologia apresenta o sonho da vida eterna de alguns de seus deuses que passaram também pela condição humana. Na Bíblia temos a espetacular narração de Matusalém, que teria vivido 600 anos. Nativos de diversas partes do mundo jogam as cinzas de seus defuntos para que uma nova vida possa se recriar e influenciar a existência da natureza. O evangelho traz a mais forte referência que fundamenta a crença cristã com a vida, morte e ressurreição de Cristo. Entre a narrativa sobre Cristo e sua projeção para o destino da vida eterna aos que ressuscitam em seu nome e as milhares de lendas da imaginação humana há um grande mistério para os que creem e para os que não ousam descrer. O desejo de continuar vivendo por muito mais tempo, no entanto, é concreto na escalada da longevidade.

O vale de lágrimas e alegrias da vida humana, no entanto, continua palpitando desde sempre. O que se põe no momento é a possibilidade de termos mais tempo de vida. Desde o começo de século XX, esta possibilidade vem se mostrando viável à humanidade. Hoje se fala no envelhecimento da população como problema social e previdenciário a ser resolvido do ponto de vista do capitalismo. A tecnologia e todo o conhecimento veloz parece não dar lugar aos provectos. Há diferença monstruosa entre o avanço tecnológico e a cobertura mínima ao idoso. Mesmo assim, continuamos investindo no sonho da longevidade, como virtude de poucos. Aí é que reside o problema, com a proliferação das diferenças sociais.

 

Meios de felicidade

A medicina e todos o espetro de saúde é a grande conquista moderna. A produção de alimentos apresenta crescimento espantoso capaz de suprir a base da sobrevivência. A ciência delegada pela mão criadora de Deus mostra poder de alastrar meios de prolongar a vida. A ciência médica, se comparada no tempo, vive o apogeu da evolução humana. Vidas são salvas nos hospitais de forma espantosa, dando resposta a muitos desejos da humanidade, dede milhares de anos. A sabedoria humana abre horizontes além das próprias estimativas. Assim se deu com a atual pandemia, onde a projeção de surgimento da vacina considerava anos de pena e morte. Viver mais e melhorar significativamente as condições de saúde é algo fantástico. Mesmo em um estado patrimonialista a recuperação da saúde, através do programa SUS, tem trazido felicidade para muitos. Com polos de desenvolvimento na agropecuária, temos manancial produtivo capaz de resolver a base de felicidade humana. Saúde e alimento, binômio de sinergia espetacular.

 

Justiça social

A fúria dos rancores será sempre avassaladora para a paz mundial. O ódio fomentado para obter vantagem perante o semelhante e como afirmação do mero poder é o veneno vertente do próprio homem. A fome e a miséria como frutos da omissão de monopólios de poder, inflama o lado ruim da vida. É a ausência da verdadeira compaixão, que não se homizia no mero compadecimento formal da situação dos oprimidos; impede a felicidade. Falamos nas diferenças abismais que impedem a natureza fraterna e de cooperação. O que dizer de quem se espera compaixão, que mesmo ocupando privilégio de mandatário do estado, em vez de mostrar empatia e se dedicar ao povo, entrega-se à orgia sociológica esumana e apenas acha graça na desgraça dos humildes?  


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