Série Desafios Globais: China (Parte 4). Tecnologia. Na quarta parte da nossa Série iremos analisar os impactos da expansão tecnológica chinesa, no Ocidente. A tecnologia tem sido um importante gatilho para tensões geopolíticas e indisposições, principalmente, entre os Washington e Beijing, trazendo preocupações relevantes, ao ponto de alguns especialistas denominarem esse cenário como uma “Nova Guerra Fria Tecnológica”. Recentemente, o Presidente americano, Joe Biden, anunciou um pacote (com apoio da oposição) de cerca de 200 bilhões de dólares, para conter o avanço tecnológico chinês, priorizando o investimento em ciência e tecnologia, no território americano, com fortes subsídios à indústria nacional. O mundo está se dividindo em dois ecossistemas tecnológicos, o americano e o chinês, no aspecto do 5G e da inteligência artificial. Outro ponto de destaque é o da segurança cibernética e a estabilidade nuclear, que envolve vetores tecnológicos.
O gatilho
A origem dessa disputa de bastidores está centrada em duas questões: 1) o bloqueio contra a China, pelos EUA, no acesso às tecnologias como as dos semicondutores (revisão nas cadeias globais de fornecimento) e 2) o programa de Beijing denominado “Made in China 2025”, cujo qual pretende “conquistar o mundo”, está centrado no objetivo de se tornar a principal potência global na área da tecnologia.
5G
O 5G tem sido um dos elementos dessa disputa frenética entre os ecossistemas tecnológicos. Ocorre que a referida tecnologia irá impactar uma série de setores estratégicos (mundiais), como a indústria e os armamentos (autômatos), bem como a Inteligência Artificial, visto que o 5G trará maior velocidade e precisão para essas tecnologias. Quem detiver o controle do 5G, irá deter relativo controle em áreas estritamente sensíveis, inclusive a militar. Os EUA têm reiteradamente alertado que o 5G vem sendo utilizado pela China, também como forma de espionagem comercial, o que coloca em xeque a segurança cibernética do Ocidente.
Segurança Cibernética
A segurança cibernética é central nas relações de longo prazo, inclusive na estabilidade nuclear entre o Ocidente e a China. Como ressaltamos na Parte 3 de nossa série, um dos objetivos de Beijing é a criação de sua própria estação espacial, possibilitando que seu projeto nuclear (que vem recebendo fortes investimentos) esteja atrelado ao seu próprio sistema de posicionamento. Por outro lado, a China foi acusada recentemente pelos EUA em, ao menos, dois ataques cibernéticos em território americano. O primeiro foi o caso “SolarWinds” (no final de 2020), empresa americana com clientes estratégicos, incluso o governo americano, atacada por hackers. O segundo caso foi a recente paralisação da operadora americana de oleodutos, a Colonial Pipeline. Ambos os casos demonstraram certa fragilidade na segurança cibernética ocidental e o apetite dos hackers chineses, gerando significativa insegurança.