Benefícios e desafios da sucessão familiar em propriedades rurais

Projeto de extensão da UPF promove ações voltadas para a sucessão familiar

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Projeto de extensão da UPF promove ações voltadas para a sucessão familiar nas propriedades (Fotos: Divulgação)Projeto de extensão da UPF promove ações voltadas para a sucessão familiar nas propriedades (Fotos: Divulgação)
Projeto de extensão da UPF promove ações voltadas para a sucessão familiar nas propriedades (Fotos: Divulgação)
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O amor pelos animais, pela lida do campo, a terra como ferramenta de trabalho, de transformação e modo de vida. A propriedade rural representando muito mais que uma fonte de renda, uma herança de família que se mantém e que evolui com as transformações da sociedade. Contudo, o trabalho no campo tem seus desafios e o principal deles, no momento, é o da sucessão familiar.

O professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Me. João Ignácio do Canto, explica que a sucessão familiar é o processo de transferência de responsabilidade de gerenciar uma propriedade rural dos pais para os filhos. “Como fazer com que os filhos aos poucos venham assumir a gestão da propriedade na medida em que os pais vão envelhecendo? Existem aspectos culturais e familiares bem importantes que devem ser trabalhados e a gente tem procurado trabalhar nessa ótica, descobrir quais são os fatores e ver como podemos interferir sobre eles”, diz.

O professor do Canto coordena um projeto de extensão que promove ações presenciais e virtuais, devido a pandemia da Covid-19, para discutir atuações e promover o conhecimento entre produtores rurais sobre o processo de transição da coordenação da propriedade. “O grande desafio de hoje é manter o produtor com viabilidade econômica na atividade que ele possa atuar e manter os seus filhos motivados para vir a assumir a propriedade. Os filhos tendem a sair de casa e não querer voltar para a propriedade rural muitas vezes por falta de autonomia para tomar decisões na propriedade, por não ter remuneração, por não ter internet, não ter possibilidade de se relacionar, infraestrutura mínima na propriedade e não se sente motivado para ficar na propriedade rural em razão das condições em termos de expectativa de consumo”, comenta.


Sucessão requer planejamento

O acadêmico do 8° nível do curso de Medicina Veterinária, Fábio Henrique Zerbielli, que integra o projeto de Sucessão Familiar da UPF, acredita que planejamento é a melhor forma de conduzir o processo. “Na minha opinião, a sucessão familiar, assim como empresa, requer planejamento, conhecimento, principalmente uma boa administração e também a questão de ensinamentos. Se os pais querem que os filhos deem continuidade, eles precisam passar os ensinamentos para os filhos e não somente quando o filho resolve assumir a propriedade para tocar. É desde pequeno quando o filho está começando na atividade, acompanhando a ordenha das vacas de leite, para que quando adquirir uma idade ele possa de forma mais ampla utilizar esse conhecimento, esse ensinamento de forma proveitosa”, comenta Zerbielli.


Êxodo rural

O acadêmico do 10º nível do curso de Medicina Veterinária da UPF, Rogher Loss Pinto, também atuou como bolsista Paidex durante o ano de 2020 sobre sucessão familiar e apresentou um trabalho orientado pelo professor do Canto na Semana do Conhecimento da UPF, intitulado "Aspectos Considerados Relevantes no Processo de Sucessão Familiar na Microrregião de Bom Jesus – RS”.

No trabalho, o acadêmico apresenta a preocupação, aonde tem se observado a intensificação do êxodo rural em municípios do interior do Brasil, acarretando em grandes entraves para a fixação de jovens no campo, principalmente na sucessão familiar nas propriedades rurais. “Considerando os dados levantados pelo questionário em Bom Jesus, a realidade varia dependendo o segmento em que seus pais trabalham. 50% pretendem dar sequência ao trabalho de seus pais, os outros 50% pretendem ir para a cidade, logo esta variação está no modo de criação destes jovens, sendo que os mais envolvidos nas atividades de casa demonstram mais interesse em seguir desenvolvendo o trabalho dos pais, diferente dos que não tem muito contato com a propriedade rural”, disse o acadêmico no trabalho.


Tecnologia e transformação

Os desafios de manter o jovem no campo passam pela transformação tecnológica, além de aspectos culturais e familiares. Por outro lado, há inúmeras possibilidades que vem sendo criadas e desenvolvidas com o objetivo de propiciar a transformação no trabalho e gestão do campo por meio da tecnologia. Conforme o acadêmico Zerbielli, houve uma grande evolução tecnológica na suinocultura e avicultura, contudo, a bovinocultura, como a produção de leite que ainda requer um avanço na tecnologia.

Quando a tecnologia se alia com a sucessão familiar, o processo tem sucesso, como é o caso da egressa da UPF, a médica veterinária, Camila Dametto. “A sucessão familiar é muito importante na área rural para a produção e as atividades agrícolas se manterem. Nela deve haver muito diálogo entre pais e filhos ou sucessores, para uma boa comunicação entre ambas as partes e para o conhecimento sobre a mesma. Atualmente trabalhamos com bovinocultura de corte e agricultura de precisão, e com essa troca mútua de experiências que compartilho com meu pai, conseguimos atingir excelentes resultados, visto que hoje os custos de produção são altos e sempre estamos indo em busca de novas alternativas”, comenta.


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