Sair de casa e estudar fora do país sempre foi o desejo de Elia Maria Uangna. Natural de Guiné Bissau, na África, ela veio para o Brasil em 2014, quando passou na seleção para ingressar na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, no Ceará. Com bacharelado em Humanidades e licenciatura em Pedagogia, ela encontrou na Universidade de Passo Fundo (UPF) o lugar para dar sequência à sua formação. Hoje a mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação se vê acolhida pela cidade, pela Instituição e faz planos para o futuro.
Elia veio sozinha para enfrentar os desafios de se inserir em uma nova cultura, mas disposta a vivenciar as experiências que seriam apresentadas. Ao concluir a graduação no Ceará, ela ficou na dúvida entre voltar para o seu país ou permanecer no Brasil e buscar novos caminhos. A segunda opção foi a que mais pesou e então ela foi em busca de um outro local onde pudesse aprofundar conhecimentos e ampliar os horizontes. Foi assim que encontrou, por meio de um edital, o Programa de Pós-Graduação em Educação da UPF.
Antes de escolher, a agora mestranda, analisou o corpo docente, as linhas de pesquisa e também fez uma breve pesquisa sobre a cidade. Com a expectativa em mãos, ela decidiu iniciar sua trajetória na Universidade. “Fiquei interessada, me candidatei e consegui a bolsa 100%. Pensei que logo as coisas voltariam ao presencial, mas ainda não tive a oportunidade de interagir com os colegas de forma presencial. Mesmo assim, tem sido uma experiência bastante positiva. Os professores e o meu orientador me incentivam o tempo todo, produzimos muitos e estamos o tempo todo estudando e buscando ampliar os debates sobre diversas temáticas. Minhas expectativas, na verdade, foram superadas”, relata.
Desafios e superações pelo conhecimento
Elia lembra que não foi fácil sair de casa e experimentar coisas novas em outro continente, contudo, com o apoio da família e o desejo de aprender, ela sente orgulho das conquistas. “No começo tive um pouco de resistência da minha família, porque estava quase terminando o curso de Turismo em Guiné. Mas aos poucos eles foram compreendendo. Hoje, sete anos depois, estou aqui. Meu pai faleceu em 2017 e não pode ver minhas conquistas, mas minha mãe me apoia mesmo longe, sempre me motivando a continuar firme naquilo em que acredito”, pontua.
De acordo com a estudante, Passo Fundo tem muitas semelhanças com a sua cidade natal. Apesar da diferença nas temperaturas, a preservação ambiental e o verde presente na cidade fizeram ela se sentir em casa. Sobre o futuro, Elia destaca que ainda tem tempo para pensar, mas acredita que ainda há um longo caminho de formação a ser percorrido. “Sempre pensei em ir para o exterior, mas com foco em voltar para o meu país e dar a minha contribuição. Ainda não sei o que o futuro reserva, mas estou pensando que a caminhada acadêmica ainda não terminou. Me senti acolhida pela cidade e aqui encontrei um espaço parecido com a minha cidade. Me senti conectada”, observa.