À frente do município durante dois mandatos consecutivos, o engenheiro e professor Airton Dipp ocupou o cargo de prefeito de Passo Fundo entre os anos de 2005 e 2012, com a missão principal de gerar emprego e renda através da atração de novos investimentos. Um objetivo que, segundo ele, pôde ser alcançado de maneira bastante satisfatória e que fica ilustrado a partir do expressivo crescimento do PIB do município durante os anos em que administrou a cidade. Conforme apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando Dipp assumiu a gestão da cidade no ano de 2005, o PIB passo-fundense era de pouco mais de R$ 2 bilhões e o município nem chegava a ocupar o ranking das 10 maiores economias gaúchas. Quando o político deixou o cargo, no entanto, a soma dos bens e serviços produzidos por Passo Fundo já chegava a R$ 6,2 bilhões, garantindo à cidade a 6ª posição no ranking estadual.
Atração de novos investimentos
O ex-prefeito relembra que o caminho para chegar ao espaço de destaque na economia gaúcha já contava com características que eram e ainda são marcas naturalmente importantes de Passo Fundo, como a rede hospitalar de alta complexidade, a privilegiada localização do município em relação ao Estado do Rio Grande do Sul e as possibilidades de escoamento da produção por vias terrestres. “Aproveitando esses fatores, nós conseguimos desenvolver uma política bastante objetiva de incentivo à produção do próprio município, que pôde ser ampliada em três novas áreas que nós adquirimos ao longo dos primeiros quatro anos de mandato, e também de atração de novos investimentos para Passo Fundo”, explica.
O apoio às empresas acontecia, especialmente, a partir de doações de áreas do município para que elas pudessem se instalar. Enquanto parte das empresas recebiam terrenos nos próprios bairros onde já estavam instaladas para expansão do empreendimento, por exemplo, outras eram beneficiadas com áreas em distritos industriais. Os espaços doados às empresas costumavam receber, ainda, a construção de acessos e pavimentações. “Isso tudo era fundamental para atrair novos empreendimentos, até porque a concorrência de outros municípios é muito grande no país. Essas empresas não querem apenas incentivos fiscais, elas querem tranquilidade e incentivos econômicos, com concessão de áreas para se instalar, pavimentação de acessos aos seus parques industriais, acessos viáveis, transporte coletivo, água, esgoto”, destaca Dipp.
Entre as empresas que vislumbraram Passo Fundo como uma localidade próspera naquela época, quatro são destacadas de forma especial pelo ex-prefeito: a produtora de biodiesel BSBios, a produtora de bebidas Ambev, a empresa de laticínios Italac e a fabricante de guindastes Manitowoc. Além delas, Dipp também cita indústrias que já faziam parte do município, mas que nesse período, ao expandirem seus serviços com a ajuda do contexto municipal, fizeram com que a cidade também progredisse, como a metalúrgica Marini e a Kuhn Implementos Agrícolas.
Salto na geração de empregos
O fortalecimento das indústrias locais e a atração de novos investimentos, ainda segundo o político, propiciaram ao município não apenas um salto de qualidade na geração de emprego e de renda para o trabalhador — já que a indústria oferece um maior poder salarial aos trabalhadores, em comparação com o setor primário e terciário —, mas também ganhos significativos na arrecadação do município. “Nesse processo, a arrecadação que era muito baixa, alavancou. Os resultados vieram principalmente nos últimos quatro anos de mandato, depois da atração de investimentos, quando o PIB do município passou a crescer na ordem de 20% a 22% por ano. Na época, entendíamos que esse deveria ser o nosso foco porque, com uma melhor arrecadação da prefeitura, esses valores poderiam ser transformados em investimentos para o município”, explica. Ele também menciona o impulso no orçamento do município, que teria triplicado em um período de oito anos.
Dipp destaca, porém, que o aumento desses números não pode ser atribuído somente à dinâmica de fortalecimento das indústrias e sim, também pelo contexto regional, que vivia uma boa produção de safra na regional e forte atividade econômica. “O mérito não é apenas do prefeito. É fruto de um contexto regional, até nacional, e [nosso plano do governo] algo que foi abraçado não somente pela administração municipal, mas por outros segmentos públicos e pela própria comunidade. O verdadeiro mérito do prefeito, nesse caso, é dar credibilidade no envolvimento da iniciativa privada e na integração com a comunidade para que essas potencialidades possam surgir”.