Os trabalhadores da Semeato fizeram uma nova manifestação, na manhã de segunda-feira (6), em frente à planta 1 da empresa para cobrar a dívida trabalhista mantida com 1.162 ex-funcionários. Há uma semana, os colaboradores já haviam dirigido a inconformidade aos prazos processuais em um outro protesto em frente à Justiça do Trabalho de Passo Fundo.
A metalúrgica, produtora de implementos agrícolas, teve mais três imóveis leiloados para que os recursos sejam creditados aos colaboradores. Com as correções de juros, a dívida da Semeato com os trabalhadores se elevou para R$ 144,5 milhões de reais somando os mais de 700 processos movidos contra a empresa e que tramitam na 3ª Vara do Trabalho. “A empresa apresentou uma discordância em relação à venda e ao valor de avaliação dos imóveis, que foi rejeitada por mim em Passo Fundo. Ela interpôs um recurso de revista no Superior Tribunal do Trabalho com dois momentos de admissão. Um, pelo Tribunal de Porto Alegre e o segundo pelo próprio Tribunal do Trabalho em Brasília”, mencionou o juiz da 3ª Vara do Trabalho, Marcelo Caon Pereira, ao jornal O Nacional. “Nós, em Passo Fundo, estávamos iniciando o prosseguimento do processo para o pagamento dos trabalhadores e entrega da arrematação para quem comprou os imóveis. Entretanto, a Semeato entrou com uma medida junto ao vice-presidente do Tribunal em Porto Alegre pedindo que fosse dado a esse recurso de revista um efeito suspensivo cautelar”, prosseguiu o magistrado.
Com isso, explicou Caon, houve a paralização processual embora a lista com os colaboradores beneficiados por esta primeira decisão já estivesse formada, inclusive com o rateio dos valores. “Nós queremos liberar o dinheiro e achamos que está em condições. Quem não acha é o Tribunal da capital. Então, se o sindicato quer endereçar o protesto e a inconformidade, que são justos, deve fazê-lo ao Tribunal de Porto Alegre”, afirmou o juiz.
Cobrança
Em dezembro do ano passado, cerca de R$ 2,6 milhões de reais foram liberados para o pagamento de 1,5 mil credores da empresa. Ainda assim, 22 imóveis pertencentes à Semeato foram penhorados. Mencionando um “histórico de desrespeito” da companhia aos direitos trabalhistas, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Passo Fundo, Marau e Tapejara (SindMetal), Alex da Silva, lembra que os processos tramitam desde a década de 1990 e, agora, integram uma execução reunida. “A forma como essa empresa trata os trabalhadores é um problema da comunidade local. Já é consolidado o fato de que o patrão deve e toma, de tempo em tempo, medidas protelatórias para esses trabalhadores não receberem”, pontuou o sindicalista. “O problema é que, como demora o pagamento, o rateio é feito agora, mas não consegue abater o valor pela correção monetária e os juros”, complementou.
A unificação processual, comentou o juiz da 3ª Vara do Trabalho, foi adotada para que haja uma solução idêntica para todos os empregados “de forma que todos eles concordam em condições de igualdade em relação a tudo aquilo que se consegue obter de ativos”.