Em um ano, Passo Fundo caiu 14 posições no ranking Connected Smart Cities, que avalia o desenvolvimento das cidades brasileiras a partir do eixo de conectividade entre os 10 setores considerados. Em 2020, o município aparecia em 37º lugar na classificação da região Sul, mas figurou em 51º no último relatório publicado em setembro.
Através desses indicadores, o estudo mapeia os territórios brasileiros com mais de 50 mil habitantes através de um retrato de conexão e sustentabilidade para auxiliar a gestão pública e o planejamento dos espaços urbanos. “A ideia principal de cidades inteligentes é que sejam tomadas as iniciativas para desenvolver a localidade usando a tecnologia como meio de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos”, explicou a professora de Arquitetura e Urbanismo da IMED, Thaísa Leal da Silva.
Fora do ranking geral que qualifica apenas 100 cidades, Passo Fundo apresentou 6,8% de crescimento na geração de empregos de um ano ao outro e 1,3% na abertura de novas empresas; 95% delas no setor privado, sem dependência do Poder Público. Já em outros indicadores, o município gasta R$ 556,10 por habitante com educação, cuja taxa de abandono no Ensino Médio foi de 6,6% durante a crise sanitária.
Ao medir o índice de transparência da gestão pública, monitorado pela Escala Brasil Transparente, o município recebeu uma qualificação 5,9 em uma gradação até 10. Entre os serviços essenciais à população, mostra o relatório elaborado pela Urban Systems, é com saúde o maior gasto empenhado pela administração municipal, que desembolsa R$ 576,67 reais por habitante para o custeio de assistência médica. A menor despesa per capita é com segurança pública, cujos gastos foram de R$ 61,56 reais por morador. “Mais do que a tecnologia, é a participação na tomada de decisão que qualifica as cidades inteligentes, como a revisão do Plano Diretor em Passo Fundo”, considerou Thaísa.
Pandemia
A docente assina, junto com a arquiteta Letícia Müller, uma investigação acadêmica que analisou a relação dos indicadores de saúde durante os três primeiros meses da pandemia em relação a outras quatro localidades melhores classificadas no ranking de cidades inteligentes.
Ao comparar a evolução da crise sanitária com os municípios catarinenses de Blumenau, Itajaí, Florianópolis e Balneário Camboriú, as pesquisadoras buscaram dimensionar o contexto epidemiológico inicial da pandemia em uma inter-relação com os parâmetros urbanos. “Nessa relação, percebemos que as cidades que apresentam iniciativas de cidades inteligentes e um melhor preparo na infraestrutura urbana tiveram um melhor desempenho no enfrentamento da Covid-19”, destacou Thaísa.
Embora o número leitos e médicos tenham sido considerados satisfatórios, fato atribuído ao reconhecimento da cidade como polo de saúde regional e por “abrigar várias instituições de Ensino Superior voltadas à área de Medicina, atraindo estudantes e profissionais de diferentes partes do país”, Passo Fundo aparece com uma média mais baixa que a maioria das cidades analisadas, cuja cobertura populacional da equipe de atenção à saúde da família foi o ponto frágil do estudo, mencionou a professora da IMED. “Diz respeito aos cuidados primários como forma de intervenção precoce e monitoramento de patologia. Passo Fundo não chega a atender ¼ ou 23% da população nesse quesito”, ponderou a pesquisadora. “Com tudo isso, vimos que, embora a cidade tivesse resultados positivos, ela ficou com resultados inferiores às cidades inteligentes”, prosseguiu Thaísa.