Os consecutivos adiamentos na reabertura da pista para pousos e decolagens no Aeroporto Lauro Kortz, em Passo Fundo, têm despertado inquietação entre os executivos regionais e passageiros que utilizavam o terminal com regularidade para deslocamento a Porto Alegre e ao centro do país.
Fora de operação até 31 de outubro, quando a previsão para o retorno era em 12 de maio após a conclusão das obras, os viajantes são forçados a abordar os voos em Chapecó ou na capital. “Isso tem aumentado o custo da companhia e estamos tendo muita dificuldade agora que a pandemia melhorou um pouco e começou a se ter visitas e reuniões presenciais”, relatou o presidente da BSBIOS, Erasmo Carlos Battistella. “A falta do aeroporto tem nos afetado com muita perda de tempo, com custos a maior e perdas de oportunidade de negócios porque muitas pessoas não querem vir de Porto Alegre ou Chapecó”, prosseguiu o empresário ao mencionar as horas de trânsito necessárias para chegar à cidade através das rodovias estaduais.
A observação de Battistella é endossada pelo presidente da rede de farmácias São João, Pedro Brair. Além do percurso extra, a mudança de rota atinge a produtividade no setor empresarial, afirmou. “Era comum recebermos visitantes pela parte da manhã e após as agendas, retornarem ao final da tarde. Nossos colaboradores passam pela mesma situação, sendo que uma viagem para São Paulo, que antes fazíamos em duas horas, hoje é acrescida de todo o tempo de deslocamento até a capital gaúcha”, relatou o executivo.
Malas guardadas
A sequência de prorrogações prejudicou também as empresas aéreas com as vagas operacionais no Lauro Kortz. Com dificuldades para reagendar viagens ou cancelar as passagens, as companhias removeram a disponibilidade de compra dos bilhetes de seus sites com destino ou origem Passo Fundo, conforme relatado pelo O Nacional em 28 de setembro. “Além disso, nós também utilizamos a aviação executiva com aeronave própria e tivemos que levá-la para Carazinho, e isso têm deixado de movimentar muito dinheiro porque é menos venda de combustível, menos impostos, mão de obra e empregos que foram para outras cidades”, ponderou o presidente da BSBIOS. “Temos o ambiente de negócio desfavorecido quando comparado a outras regiões. Nós estamos praticamente esquecidos do mundo e o que eu mais fico preocupado é que eu não vejo as autoridades falarem do tema”, observou Battistella.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Passo Fundo, Diorges de Oliveira, salientou que houve um requerimento junto ao Governo do Estado para que a liberação do terminal aeroportuário seja agilizada. “Vamos fazer uma incursão, com um grupo de empresários, à ANAC [Agência Nacional de Aviação Civil] para que a gente possa, de alguma forma, pressionar para que comecem os voos regulares”, afirmou.
Sem atrasos no cronograma de obras, que devem ser finalizadas em dezembro, o retardo no recebimento de dois conjuntos de um equipamento, vindo da Itália, para serem instalados nas laterais das cabeceiras postergou, com isso, a análise para homologação da nova pista. “Recentemente, fizemos contato com o deputado Alceu Moreira (MDB) para retirar esses entraves. Nós estamos perdendo tempo e dinheiro com essa demora”, frisou o presidente da Associação dos Municípios do Planalto (Ampla) e prefeito de Marau, Iura Kurtz (MDB).
Linhas aéreas
Para Passo Fundo e uma vasta região, começa no Aeroporto Lauro Kortz a conexão com as malhas aéreas nacional e internacional. As empresas Azul e Gol detêm slots com voos regulares para São Paulo, agora interrompidos pelo fechamento da pista. A Azul mantinha a conexão com Viracopos e a Gol com Guarulhos. Até 2019 eram cinco trechos diários, dois da Gol e três da Azul. Nos últimos dois anos (antes da pandemia), o movimento de passageiros das empresas aéreas em Passo Fundo ficava acima de 10.000/mês. O pico foi registrado em dezembro de 2018, quando embarques e desembarques superaram 26.000 pessoas.
Aviação geral
A importância do aeroporto não poder ser avaliada apenas pela presença das linhas regulares. Do transporte de órgãos para transplantes a um voo de instrução, a aviação geral é responsável por serviços fundamentais e registra grande movimento. São aeronaves de pequeno porte, mono ou multimotores, a pistão, jatos ou turboélices que servem empresas e particulares. É responsável por uma média de 140 pousos/decolagens mensais, permitindo voos para a aviação executiva, táxi-aéreo, aviões-ambulância, aeronaves militares, governamentais, voos de instrução ou recreação. Alguns dos principais usuários têm aeronaves hangariadas no próprio aeroporto. Antes do fechamento havia um jato Citation, um turboélice Pilatus PC-12, um bimotor Seneca dois monomotores Cirrus e um Cessna. Além desses, executivos de empresas de Passo Fundo e região também utilizam aviões baseados em outros locais que operavam habitualmente no Lauro Kortz.