A área total na unidade de Passo Fundo da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) foi arrematada em lance único por R$ 23,3 milhões de reais em leilão realizado na terça-feira (19) em Porto Alegre. O terreno de 29.515m², localizado no bairro Petrópolis, abriga a unidade industrial, três lotes, além de equipamentos e maquinários do silo gerido pelo governo do Rio Grande do Sul até abril de 2018, quando teve a extinção aprovada pela Assembleia Legislativa.
O valor da venda, que será pago por um comprador do município, será destinado a cobrir as dívidas trabalhistas mantidas pela companhia. O arrematante, contudo, ainda é desconhecido pois solicitou para não ser identificado, segundo afirmou a casa de leilão ao jornal O Nacional. Alvo de sucessivas tentativas de venda nos últimos anos, a área foi penhorada com o acréscimo de mais de quatro mil metros quadrados que, até então, estavam sob disputa judicial e aguardavam julgamento.
Após negar em primeira e em segunda instância o processo de reintegração de posse movido por uma família, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou que a área total fosse leiloada. Essa disputa nos tribunais, que se prolonga há anos, envolvia um conjunto de famílias que alegam terem sido expulsas do terreno em 1954 por funcionários da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), cuja área foi permutada para a construção da Cesa quando a estação férrea desativou as operações.
Três leilões antes
Antes do martelo ter sido batido, na tarde de terça-feira, um leilão na modalidade concorrência tipo maior preço fixou o lance inicial em 19,5 milhões, ainda em 2013, mas foi suspenso por uma ação do Sindicato dos Auxiliares de Administração de Armazéns Gerais do Estado (Sagers) que assegurou na Justiça uma liminar impedindo a venda da unidade, que deixou de operar em Passo Fundo há mais de uma década em razão da localização em meio a uma zona residencial.
À época, a 19ª Vara do Trabalho de Porto Alegre sustentou que a companhia possuía centenas de processos movidos por funcionários e, ainda, uma inscrição no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas. Três anos depois, em 2016, uma nova tentativa de leiloar 50% do terreno foi vetada pelas instâncias judiciais por um desentendimento sobre o valor que seria cobrado pelo local. A área, de 24.635m², foi novamente colocada à leilão sem resultados, no entanto.
*Notícia atualizada às 17h20min para acréscimo de informações.