Três filhotes de gato-mourisco recebem atendimento no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (HV/UPF), desde domingo (21). Os trigêmeos recém-nascidos, dois machos e uma fêmea, têm idade estimada de apenas 17 dias. Por serem ainda muito pequenos, necessitam de atenção em tempo integral e cuidados especiais da equipe do hospital.
Conforme a médica veterinária do Hospital Veterinário e professora da UPF, Michelli De Ataíde, os três irmãos foram encontrados sozinhos em meio a uma lavoura localizada em uma propriedade rural, na região de Passo Fundo. “Não sabemos dizer o paradeiro da mãe dos filhotes, pois os moradores encontraram eles sozinhos, monitoraram durante um dia para ver se a mãe voltava e como não observaram a presença dela, decidiram resgatá-los e trazê-los até o hospital”, conta a médica veterinária.
Os filhotes pesam entre 200 e 300 gramas e, por terem poucos dias de vida, precisam de ajuda para se alimentar. “As mamadas ocorrem de três em três horas. Fazemos toda uma adaptação do leite especial para a espécie e do bico da mamadeira, já que eles ainda são muito pequenos”, afirma a veterinária, ao pontuar que o maior cuidado, atualmente, é com a imunidade dos filhotes. “Como eles foram retirados muito cedo da mãe, ainda não têm imunidade, então há um cuidado ainda maior com relação a isso”, destaca a médica.
Entretanto, a saúde dos animaizinhos é considerada clinicamente boa. “Por serem muito pequenos, ainda não foi possível coletar tantos exames, mas a partir da terceira semana já conseguiremos começar a avaliar”, afirma.
Futuro dos filhotes
Quando vivem livremente na natureza, normalmente, a introdução alimentar desses animais silvestres ocorre dos três meses de vida em diante. Porém, em casos como esse, para uma independência mais rápida, a média para início da alimentação é antecipada para a partir dos dois meses. “Agora eles ainda estão aprendendo, mas em breve vamos começar a inserir vitaminas e aminoácidos no próprio leite, em seguida papa de carne e depois carne”, observa Michelli.
Sobre o futuro dos três irmãos, a professora afirma que, certamente, eles precisarão viver sob cuidados humanos. “O fato de serem criados por humanos desde muito pequenos dificulta o aprendizado da caça. Esse é o grande problema de retirar os animais silvestres da natureza”, comenta.
Um caso considerado raro
O gato-mourisco é uma espécie que está ameaçada de extinção. De acordo com a professora Michelli, ele está em segundo lugar no ranking dos felídeos com maior risco de extinção no Rio Grande do Sul. Ainda, o fato de serem trigêmeos chama a atenção, já que a espécie costuma ter entre um e dois filhotes por vez.
De hábitos noturnos, os gatos-mouriscos são carnívoros e caçadores. Considerados uma espécie da família dos felídeos de pequeno a médio porte, alimentam-se de pequenos roedores, aves, répteis e anfíbios. Uma característica é que eles são compridos e altos e quando adultos chegam a pesar de 9 a 12 kg.