Junto ao retorno às atividades após as festas de final de ano, a busca por testes laboratoriais para coronavírus e Influenza triplicaram nos laboratórios de Passo Fundo, conforme relatou Bruno de Biasi. Proprietário de um desses centros de análises clínicas, ele afirma ter observado o movimento para testes aumentar no município.
Na quinta-feira (6), data que marcou o primeiro óbito de um brasileiro em decorrência de infecção pela variante Ômicron registrado em Aparecida de Goiânia, e com a confirmação da circulação do vírus H3N2 em Passo Fundo, o jornal O Nacional conversou com a coordenadora das Unidades de Tratamento Intensivo de Doenças Infecciosas do HSVP, Sabrina Frighetto Henrich, para esclarecer as principais dúvidas sobre os contágios gripais durante a pandemia.
O NACIONAL: O que potencialmente explica esse surto atípico de gripe que estamos atravessando durante a pandemia?
DRA. SABRINA: Presenciamos uma preocupação muito grande da população frente ao Covid, o que fez muitos esquecerem ou deixarem de lado a vacinação para Influenza no último ano. Além disso, as datas comemorativas do final de 2021 propiciaram aumento no número de casos visto que presenciamos um aumento significativo no número de aglomerações para este fim.
Escreva ON: Qual o perfil das pessoas que ocupam leitos de UTI em Passo Fundo nessas últimas semanas?
DRA. SABRINA: O perfil permanece o mesmo. A gente percebe que tem pacientes jovens, pacientes idosos com e sem comorbidades, mas o aumento maior mesmo da procura é de pessoas não vacinadas. Houve, também, um crescimento nos atendimentos em relação à síndrome gripal com positividade bem grande para coronavírus, mas isso não refletiu tanto nas nossas internações. Em UTI, permanecemos com três pacientes internados, dos quais dois são confirmados e um é uma suspeita, e nas unidades de enfermaria permanecemos com um número um pouco maior, mas de casos leves a moderados internados.
ON: O aumento nos casos ativos já tem reflexo nas internações nos leitos clínicos e de UTI?
DRA. SABRINA: Não temos certeza absoluta se isso é de aglomerações do Natal ou talvez até prévias, mas a gente percebe que, sim, no dia 31 para o dia 1º houve um aumento significativo. Se presenciava um número de 2 a 3 atendimentos por turno, o que hoje a gente já visualiza e já presencia um número de 15 a 20 atendimentos por turno na unidade de emergência com reajustes no número de leitos. Adaptamos os leitos vagos para pacientes com outras patologias, o que foi necessário neste momento frente ao aumento da procura, e já estamos organizados, caso seja necessário, para aumentar o número de alocações para estes pacientes. No dia de hoje [quinta-feira (6)], temos 3 internações sendo 2 pacientes confirmados e uma suspeita de coronavírus. Há uma preocupação, sim, porém são casos leves.
ON: Como diferenciar os sintomas de H3N2 para Covid-19?
DRA SABRINA: Quando falamos em síndrome gripal temos que entender que engloba os sintomas de gripe, que são os que a gente já conhece ao longo tempo, como que são rinorreia, que é nariz escorrendo; dor de garganta; febre e dor no corpo. O H3N2, na verdade, é um subtipo de Influenza que causa uma gripe grave que pode levar à internação em unidades de terapia intensiva, por exemplo, como vimos no último inverno no Hemisfério Norte, principalmente, nos Estados Unidos. Os sintomas são clássicos e muito semelhantes, então para a gente diferenciar mesmo devem ser feitos testes de painel virológico para saber que tipo de vírus esse paciente está portando.
ON: Qual é a orientação médica quando há manifestação inicial de um quadro gripal?
DRA SABRINA: Quando há presença de sintomas leves, seguem as mesmas orientações dadas aos suspeitos de coronavírus. O ideal seria que começássemos com uso de sintomáticos, que são remédios para febre ou para dor, e na sequência, se houver dor no peito, presença de chiado, falta de ar ou aumento muito abrupto da temperatura, deve ser procurado um suporte o médico o mais rápido possível. Em relação à prevenção, o que a gente deve fazer é o mesmo cuidado para influenza e para coronavírus evitando aglomerações, seguindo as medidas de segurança, de higiene e evitando o contato com pessoas contaminadas. Agora, quando a gente fala em vacina, o importante é estar vacinado e não escolher o imunizante, mas tomar o que estiver disponível no sistema de saúde.