A onda de calor que começou a atingir fortemente o Rio Grande do Sul nesta segunda semana de janeiro, chega em Passo Fundo com temperaturas na faixa dos 35ºC a 38ºC. A massa de ar quente e seco, que não permite a entrada de frentes frias, se estende pelos próximos dez dias, afastando a chuva e intensificando a já presente baixa umidade do solo, que são reflexos do fenômeno La Niña que ainda age sobre o estado e tem a perspectiva de permanecer até o mês de março.
Onda de calor
O tempo seco, firme e de muito calor é o cenário que os passo-fundenses encontrarão nos próximos dias. A massa de ar quente e seco que estava sob a Argentina e o Paraguai começou a se deslocar e chegar ao Rio Grande do Sul ontem (11) e irá permanecer ao menos até o domingo (16) no estado, com um final de semana que aponta temperaturas entre 37ºC e 38ºC. De acordo com o analista do laboratório de meteorologia da Embrapa Trigo, Aldemir Pasinato, hoje (12) e amanhã (13) as temperaturas já chegam na casa dos 35º e o calor diminui brevemente na sexta-feira, com uma fraca frente fria que irá causar nebulosidade e possibilidade de chuvas de 1mm. “A chuva de sexta e sábado é muito pouca, o que demonstra que vai persistir o tempo bom e seco pelos próximos dias”, explica Aldemir, acrescentando que a umidade relativa do ar pode ficar abaixo dos 20%, o que relembra a necessidade de hidratação nos períodos mais quentes do dia.
Reservatórios de água do município
Diante do cenário de escassez de chuva e água que se alastram pelo Rio Grande do Sul, contabilizando até a última segunda-feira (10) 175 municípios em situação de emergência, o município de Passo Fundo ainda se encontra em uma condição “confortável” com relação aos níveis de água nos reservatórios, como pontua o superintendente regional da Corsan, Aldomir Santi. Até o momento, a Barragem da Fazenda está 1,10m abaixo do nível máximo do reservatório, enquanto a Barragem do Arroio Miranda está 55cm abaixo do nível máximo.
Uma das medidas adotadas pela Corsan, levando em conta o cenário, é o aumento da vazão da transposição do Rio Jacuí para a Barragem da Fazenda da Brigada Militar. De acordo com Aldomir, caso a chuva não retorne nos próximos dez dias, também será colocada em operação a transposição do Lago da Pedreira. “É uma opção que nós temos para auxiliar na manutenção do nível da Barragem do Arroio Miranda”, explica. Já o racionamento de água não está entre as perspectivas da companhia, alternativa que pode voltar a ser analisada se a falta de precipitações se manter nos próximos 45 a 60 dias. “Estamos bem melhor do que nos anos anteriores, já que temos três anos consecutivos de estiagem. No verão de 2019 para 2020, de 2020 para 2021 e agora novamente em 2021 para 2022. Se analisarmos os três, esse é o melhor de água que nós estamos”, comenta o superintendente.
Chuvas esparsas não solucionam o problema
As chuvas que voltaram de maneira pontual e em pouco volume na semana passada em Passo Fundo e região, entretanto, não tiveram impacto nos reservatórios. A média histórica de precipitações para o mês de janeiro é de cerca de 150mm, número que está longe de ser alcançado, com apenas 30mm de chuva registrados até agora. “Como o solo está muito seco, se cavocarmos 10, 15cm já encontramos terra seca. Não ajuda em praticamente nada na melhoria dos mananciais e barragens”, esclarece Aldomir Santi.
Falta de chuvas no verão
A previsão de precipitações para os próximos dias segue o apresentado pelo Boletim Agroclimatológico Mensal do mês de janeiro realizado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que indica que no Rio Grande do Sul as chuvas estarão ligeiramente abaixo da média na maior parte do seu território no período de janeiro, fevereiro e março. A próxima frente fria esperada aponta para os dias 18 e 19 de janeiro, que podem trazer entre 4 e 5mm para Passo Fundo.