Entidades como Emater, Embrapa, Assistência Social e Conselho Municipal de Agricultura elaboraram, na última semana, laudos e pareceres técnicos para quantificar os impactos da estiagem no município de Passo Fundo e fazer o posterior encaminhamento ao prefeito Pedro Almeida. De acordo com o secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Passo Fundo, Cristiam Thans, o prejuízo acumulado pelas perdas na cultura do milho é de cerca de R$ 17 milhões. Na soja, estima-se perdas de 20% das lavouras. Até o momento, segundo o secretário, o município ainda analisa a possibilidade de, futuramente, decretar situação de emergência em virtude da estiagem. A pasta ainda procura reunir mais informações antes da decisão.
Perda de 90% das lavouras de milho
Segundo a Emater, o impacto mais significativo no município foi com relação às lavouras de milho, onde cerca de 90% das áreas foram perdidas de um total de 1.700 hectares cultivados. O déficit do milho refletiu diretamente na produção leiteira, já que a base da alimentação das vacas é a silagem, produzida com a planta. “No momento que você perde o milho, automaticamente isso vai refletir também na alimentação dos animais para a produção do leite”, explica o secretário Cristiam, pontuando a queda de 40% na produção de leite nas propriedades rurais de Passo Fundo.
Futuro para a soja
Já a soja, que em muitas propriedades teve seu plantio adiado devido à falta de chuvas, se encontra em fase de crescimento e se encaminhando para a floração sem a quantidade de umidade e precipitações necessárias para um desenvolvimento adequado. Como explica Cristiam Thans, “ainda é muito cedo para se ter um número exato com relação à soja, então estamos com uma projeção de perda de 20%” da área total de 41 mil hectares cultivados com a soja no município.
Abastecimento de água
Segundo os relatórios produzidos e o acompanhamento diário realizado pela Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural, até quarta-feira (12), ainda não havia sido sinalizado uma crise significativa no abastecimento de água. “Não tivemos nenhuma solicitação para abastecimento de água para consumo humano”, disse o secretário da pasta. Para o consumo animal, foram realizados atendimentos pontuais, em cerca de quatro propriedades do município, número que não se torna tão preocupante levando em conta a quantidade total de propriedades rurais concentradas em Passo Fundo, como destacou o secretário.
Passos após o decreto
A decretação de situação de emergência viabiliza auxílios municipais, estaduais e federais e dá peso, principalmente, a renegociações de dívidas dos agricultores com seus respectivos agentes financeiros. Cristiam esclarece que o papel do Município após a homologação de um decreto é voltado para a assistência social e o atendimento às pessoas que possam ter dificuldades, por exemplo, com o consumo de água e a diminuição da produção de leite em suas propriedades. “O Município poderá viabilizar e buscar recursos nesse sentido. Quem sabe abrir uma linha de crédito para que o Município possa comprar, por exemplo, caminhões pipa e abrir novos reservatórios de água”, disse, acrescentando que o trabalho acontece em conjunto com o Estado e o governo federal. Enquanto isso, a secretaria já vem realizando o monitoramento de propriedades para sinalizar possíveis problemas e soluções.