Aumento no preço dos combustíveis já é sentido em Passo Fundo

Reajuste de 4,85% na gasolina e 8,08% no diesel impacta diferentes setores da economia e influencia na inflação oficial do país

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Combustível: aumento no insumo básico. (Foto: Luciano Breitkreitz/ON)Combustível: aumento no insumo básico. (Foto: Luciano Breitkreitz/ON)
Combustível: aumento no insumo básico. (Foto: Luciano Breitkreitz/ON)
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Desde 26 de outubro de 2021 sem aumentos, na última semana a Petrobras realizou ajustes nos preços de venda de gasolina e diesel para as distribuidoras. O preço médio de venda da gasolina passou de R$ 3,09 para R$ 3,24 por litro e o diesel subiu de R$ 3,34 para R$ 3,61 por litro. Em Passo Fundo, segundo um dos gerentes de postos de combustíveis do município, que preferiu não ser identificado, esse reajuste logo chegou às bombas de combustível e, consequentemente, ao consumidor. Ele explica que a compra de combustíveis é realizada diariamente, não sendo mantido um estoque que permita a manutenção de preços anteriores mais baixos. Até a tarde de ontem (17), a média de preço da gasolina nas bombas estava em R$ 6,56.

 

Reajuste nos preços

De acordo com a nota emitida pela Petrobras, considerando a mistura obrigatória de etanol anidro e 73% de gasolina A para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,26, em média, para R$ 2,37 a cada litro vendido na bomba, o que sinaliza uma variação de R$ 0,11 por litro. Já para o diesel, levando em conta a mistura obrigatória de 10% de biodiesel e 90% de diesel A, a elevação será de R$ 3,01, em média, para R$ 3,25 a cada litro vendido na bomba, mostrando variação de R$ 0,24 por litro.

 

Elevação nos preços deve continuar

O aumento, que não acontecia há cerca de 77 dias, vem acompanhado de um 2021 que acumulou alta de 47,49% no preço da gasolina, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A primeira queda sinalizada no ano passado, após sete meses consecutivos de alta, foi em 15 de dezembro com a redução de R$ 0,10 litro no preço da gasolina nas refinarias. Entretanto, como explica a economista Cleide Moretto, o cenário não aponta perspectivas de diminuição de preço nos próximos meses. A baixa nos preços pode ser momentânea, resultado de “brechas” do movimento no mercado, mas a tendência, em função da oferta internacional, é a manutenção da elevação. “No cenário internacional existe uma queda na oferta ou na produção do petróleo bruto, o que causa uma elevação nos preços do petróleo”, pontua, acrescentando a desvalorização da moeda brasileira. “Por isso são dois efeitos. Primeiro, está mais caro lá fora e segundo, a nossa moeda está valendo menos. Isso faz com que o preço interno seja mais elevado”, conclui.

 

Impactos do aumento

Esse aumento acaba não afetando só o consumidor, que depende do combustível para se locomover, mas toda uma cadeia produtiva no momento que compreende-se o combustível como um bem básico. Nesse sentido, como exemplifica a economista, no momento em que não se tem mais condições de continuar abastecendo e opta-se pelo uso de transporte público, o aumento também será transferido para esse meio. “Se você não tem condições de pagar a mais se deslocando com o seu automóvel ou talvez trocando por uma motocicleta, como o pessoal tem feito, o preço da tarifa de ônibus, tanto urbano, quanto interurbano, vai se elevar”, explica Cleide, esclarecendo que esse cenário gera um aumento no insumo básico, que vai ser repassado para os preços dos produtos finais.

 

Combustível e a inflação oficial do país

Isso impacta também os índices de inflação, medidos pelo IBGE por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O combustível, junto do botijão de gás, que subiu 36,99% e da energia elétrica, que acumulou alta de 21,21% , são os itens que mais contaram no indicador final de 2021. No ano passado, a inflação oficial do país fechou em 10,06%. Cleide Moretto destaca que a alta na inflação, sinalizada também nos Estados Unidos, deve ser motivo de atenção para o Brasil. “Durante décadas os Estados Unidos não registraram uma inflação importante e já está passando dos 7%. Então se lá eles estão com problemas, que eles não costumam ter essa fragilidade internamente, o nosso país vai sofrer mais”, comenta a economista.

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