Acolhendo cerca de 339 venezuelanos que encontraram no município uma fortaleza para recomeçar e oportunidade de enviar auxílio financeiro aos familiares que permaneceram no território governado por Nicolás Maduro, Passo Fundo abriga a primeira associação de imigrantes venezuelanos do Rio Grande do Sul.
A assembleia geral de fundação da entidade ocorreu em 12 de março, cujo encontro também foi dedicado a estabelecer o regulamento interno da agremiação, assim como os estatutos sociais e a definição da sede permanente para que este seja um espaço voltado a “igualar as condições de vida” dos venezuelanos no município, conforme explicou o presidente da associação, Daniel José Martínez. “Nasce da necessidade de organizar a população venezuelana em Passo Fundo e ser um espaço de diálogo para escutar as demandas para que eles sejam protagonistas do seu próprio progresso através de assembleias mensais”, comentou ao O Nacional na quinta-feira (24).
Vivendo no município desde outubro de 2019, quando as primeiras estratégias de interiorização iniciaram em Roraima, Martínez conta que a profunda crise econômica que fratura a estrutura social da Venezuela pressionou o êxodo do país natal, onde se dedicava a ser bombeiro. “Eu comecei a trabalhar com serviços gerais no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e a fazer o curso de Técnico em Enfermagem. Quis buscar uma profissão similar à que eu tinha lá”, contou Daniel, quem também exerce a docência do espanhol em um cursinho particular de idiomas.
Censo
A partir da estruturação da Associação Tricolor do Sul, nome escolhido em alusão às cores da bandeira venezuelana, os membros da entidade também pretendem que o espaço seja um ponto de contato entre ambas culturas. Nos três primeiros meses, menciona, o corpo diretivo estará focado em realizar um censo da população imigrante local para conhecer, além do quantitativo, a faixa etária e as necessidades particulares de cada um dos compatriotas, sejam elas de regularização de documentos ou desejo de ingressar no Ensino Superior. “Nos últimos meses, chegaram aproximadamente 15 novas famílias. Por isso, vamos fazer uma coleta de roupas e comida porque elas não estão preparadas para o inverno”, antecipa. “Existem, mais ou menos, 70 a 80 crianças. Estamos falando de uma população de mais de 200 pessoas que se encontram em Passo Fundo e que não conhecíamos”, considerou Martínez.