Às 16h24 de quarta-feira, 30 de março, o Aeroporto Lauro Kortz de Passo Fundo foi aberto para pousos e decolagens. No entanto, por enquanto, ainda há restrições operacionais. A retomada permite pousos e decolagens de aeronaves com motorização à combustão e turboélices. Outra limitação é para operações noturnas ou por instrumentos. A liberação é temporária, até 06 de abril, e poderá ser estendida nos próximos dias ou mesmo cancelada se houver irregularidades. De acordo com a publicação do DECEA - Departamento de Controle do Espaço Aéreo, através dos NOTAMs E0783/22 e E0784/22 a pista está liberada para pousos e decolagens. Interditado desde 11 de janeiro de 2021, a reabertura do Lauro Kortz ocorre depois de mais de um ano e dois meses fechado. A interdição ocorreu para a realização dos serviços de melhorias, que integram o pacote de obras do aeródromo.
O primeiro pouso
Após a liberação, a primeira aeronave a pousar foi da aviação executiva. Na quinta-feira, às 08h45, o monomotor Cirrus SR22 prefixo PR-BAA tocou a pista do Lauro Kortz. A aeronave é de uso compartilhado por empresários de Passo Fundo. De acordo com o Comandante Rafael Guimaraes Jardim, o avião veio de Carazinho, onde está baseado desde o início das obras em Passo Fundo, para o embarque de dois executivos. “Decolamos logo em seguida para São Borja”, explicou. Sobre a reabertura da pista, o piloto diz que “facilita muito para quem utiliza a aviação executiva. Ficou uma pista boa, bem nivelada”. Mas o segmento ainda sofre com as indefinições em relação a construção de hangares, para os aviões de empresas locais retornarem à base Passo Fundo. “Estamos vendo Carazinho, Erechim, Frederico Westphalen e Cruz Alta com a aviação executiva em crescimento, enquanto em Passo Fundo está estagnada”, completou Rafael.
A fiscalização da ANAC
Pista reaberta e a visita de duas fiscais da ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil. Elas chegaram na manhã de quinta-feira para conferir o cumprimento das exigências impostas para a homologação do aeródromo. Acompanhadas pela administradora do Aeroporto, Clarice Beffart, fizeram um longo passeio para checar as condições do cercamento da área. A nova cerca, com base em concreto e tela, já estaria aprovada. Mas a inspeção foi além, com a observação do atual e do novo pátio de aeronaves, taxiway e outros detalhes técnicos necessários à segurança operacional.
A aferição dos PAPIs
Depois de muitos impasses técnicos, os PAPIs estão em condições. As luzes de sinalização ficam nas laterais próximas às cabeceiras. “As luzes indicam uma rampa de aproximação final. É necessária para aviões a reação ou em voos por instrumentos, quando, na altitude mínima, o piloto se baliza pelas luzes para melhor percepção de altitude”, explica o Comandante Naerton Roratto. Isso explica o motivo para as limitações operacionais no Lauro Kortz sem os PAPIs, que ainda necessitam de uma aferição em voo. De acordo com o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil, os sistemas visuais indicadores de rampa de aproximação são necessários “quando a pista é utilizada por turbo-jatos ou outras aeronaves com requisitos semelhantes de orientação de aproximação”. Assim, a operação de aeronaves à reação e de voos noturnos (IFR) ainda dependem da aferição e aprovação dos PAPIs.
As empresas aéreas
Em meio às incertezas geradas pelas constantes ampliações no fechamento, as empresas com slots no Lauro Kortz tiveram problemas com a venda de passagens. A Azul deve retornar com um voo diário entre Passo Fundo e Campinas a partir de 25 de abril. Após interromper por alguns dias as vendas online para Passo Fundo, voltou a oferecer o trecho a partir de R$ 208,45. A Azul utilizará o Embraer 195 para 118 passageiros. A Gol havia marcado o reinício das operações para 04 de abril, com um voo para Guarulhos. Porém, há algumas semanas retirou de suas plataformas o destino Passo Fundo, sem data definida para a retomada. A empresa opera com o Boeing 737-700 parta 138 passageiros.
Cachorros ou aeroporto?
Cachorros não voam, mas, ao que parece, adoram circular pelo Aeroporto Lauro Kortz. Inclusive durante a visita da fiscalização da ANAC. A presença de cães no local não é apenas um problema. É uma ameaça à segurança de voo. Os bichanos gostam de passear pela área operacional, inclusive na pista. É bom lembrar que um pequeno cachorro pode provocar um acidente gravíssimo, cujas proporções pode ter até uma centena de vítimas fatais. E isso não é exagero. É uma constatação. Ao ver um cachorrinho nas proximidades da área, os pilotos ficam apavorados pelo grave risco que representam.
Origem
E de onde vêm os cachorros que andam pelo aeroporto? Basicamente são animais abandonados nas imediações. Vêm de dois núcleos no outro lado da BR-285: um acampamento indígena e o Parque da Efrica. Nos dois locais a população canina está em patamares elevados. Porém, como eles estão sempre em busca de alimentos, atravessam a rodovia e entram no perímetro do aeroporto. Mesmo com cercamento e melhorias no portão, os cães entram no local. Então é urgente uma conscientização para que não soltem animais próximo ao aeroporto. E, é claro, acabar com a presença de cães nos núcleos caninos próximos. Enfim, é necessário decidir: cachorros ou aeroporto?