Liberação para avião do cantor Gusttavo Lima provoca indignação na aviação executiva

Aeroporto tem restrições para jatos e operações noturna, mas houve exceção para o cantor

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Operações são restritas e utilizam o terminal antigo. (Foto: LC Schneider/ON)Operações são restritas e utilizam o terminal antigo. (Foto: LC Schneider/ON)
Operações são restritas e utilizam o terminal antigo. (Foto: LC Schneider/ON)
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Quando o Aeroporto de Passo Fundo estará totalmente liberado e em operação regular? Entre tantas incertezas, mais do que um folhetim ou novela, a situação do Aeroporto Lauro Kortz já parece um interminável longa-metragem. De terror. Bandeira política há mais de 10 anos, propiciou muitas promessas, desprezo à área técnica, incômodos aos usuários e grandes prejuízos à economia regional. Licitação, obras de melhorias e homologação com restrições operacionais. Ou seja, as incertezas pairam sobre a pista e sequer podem pousar. Há mais de um ano sem utilizar o aeroporto, a aviação executiva ainda sofre com restrições operacionais: não podem operar jatos, estão proibidos pousos e decolagens noturnos ou por instrumentos e há dificuldades para permanência no pátio.

Cantor privilegiado

Enquanto os aviões de empresários de Passo Fundo são obrigados a pousar em Erechim ou Carazinho, na noite de sexta-feira, 08, um jato Bombardier BD-700 pousou no Lauro Kortz. O elegante modelo é de propriedade de uma empresa de eventos e trouxe o cantor Gusttavo Lima para uma apresentação em Passo Fundo. A operação estava respaldada por um NOTAM específico, publicado à tarde, e com validade até às 3 da manhã de sábado. Após o show, dois minutos antes do limite, decolou para levar o cantor de volta. A administração do aeroporto agora é da Infraero. O gestor, Waldecy Rodrigues, informa que a solicitação deste NOTAM não partiu de Passo Fundo. “Apenas cumprimos o que está de conformidade com o ROTAER” (dados operacionais legais do aeródromo). As limitações operacionais, antes por notas com validade, agora são RMK (remark), ou observações perenes, conforme explicou Waldecy.

“Uma coisa e outra coisa”

Enquanto houve uma publicação específica para a operação do jato que trouxe o cantor, a aviação executiva da região não obtém os mesmos privilégios. O Comandante Rafael Guimarães Jardim é piloto de um avião que atende a um grupo de empresários de Passo Fundo. “Dificilmente operamos noturno, mas necessitamos que o avião pernoite em Passo Fundo para decolar cedo no dia seguinte”. Sem essa possibilidade, acaba desembarcando os passageiros aqui e leva o avião para Carazinho e, pela manhã, vai buscar o avião e volta ao Lauro Kortz para embarcar os passageiros. “Isso não tem lógica, pois o pátio está sempre vazio. Outro experiente piloto com mais de 5 mil horas de voo opera jato que estaria baseado em Passo Fundo. Assim como ocorreu com o avião do cantor, tentou liberação para operar. “Não tivemos sucesso pois haveria uma espécie de seleção de prioridades”, conformem informaram ao Comandante. Enfim, teria ouvido que “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Finalizou dizendo que “como aeronauta fico muito triste diante dessa situação”.

Sem avião

Um empresário, que preferiu o anonimato, foi enfático ao dizer que “isso é inadmissível” e não gostou da exceção aberta ao cantor. Muitas empresas têm aviões baseados em Passo Fundo também são prejudicadas, pois estão obrigadas a pousar em Erechim. Além desses, operadores do centro do país, que mantinham voos constantes para Passo Fundo, não utilizaram mais o aeroporto desde janeiro de 2021. Já as empresas aéreas que operavam em Passo Fundo preparam a retomada. A Azul, que havia marcado o retorno para 25 de abril, remarcou para o dia 27. A Gol tem retorno programado para 17 de junho.

Infraero

Em relação à liberação específica para o voo do cantor, entramos em contato com a Infraero que nos enviou uma nota explicando a excepcionalidade:

“A INFRAERO recebeu solicitação para operação excepcional na data relatada. Após análise da demanda, foram ajustados os protocolos de segurança em conjunto com órgão regulador e o operador aéreo, e dessa forma efetivou-se o atendimento excepcional”.


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