Enfim, desde segunda-feira, 25, temos novamente voos regulares em Passo Fundo. Depois de um ano, três meses e 15 dias sem contar com voos regulares, o Aeroporto Lauro Kortz recebeu os aviões da Azul. O primeiro voo chegou às 10h13, quando um turboélice ATR-72 marcou a retomada das operações das empresas aéreas no aeródromo. Chegou pela cabeceira 09 (no lado da cidade) e o vento não atrapalhou, pois estava quase alinhado à pista soprando de 70º com velocidade de 10 nós. Como manda a tradição aeroportuária, a aeronave de prefixo PR-AKO não escapou do tradicional batismo com os jatos de água cruzados. O modelo, que comporta 70 passageiros, veio de Viracopos, chegou praticamente lotado e 69 pagantes desembarcaram do voo AD9032. O avião retornou às 11h10 para São Paulo. E como a demanda é boa, às 16h24 pousou o PR-AKA, já na segunda frequência entre Campinas e Passo Fundo.
No antigo terminal
Apesar da badalada entrega do TPS 2, o novo terminal de passageiros, as operações ainda são realizadas no antigo terminal. O novo ainda não dispõe de equipamentos indispensáveis para embarque e desembarque de passageiros em voos comerciais. Ainda faltam dois equipamentos de Raio-X, duas esteiras de bagagens, balcões e outras exigências. Como agora o Lauro Kortz está sob administração da Infraero, certamente ainda serão instalados balcões de check-in padronizados. Das licitações e tomadas de preços à conclusão dos trabalhos isso pode representar mais uns dois meses de espera.
Voltando a jato
Sem jatos e sem voos noturnos, o Lauro Kortz recomeça com as mesmas restrições existentes até os anos 1960. Porém, agora, há indicativos para a volta de voos por instrumentos e pousos e decolagens de jatos. Isso, é claro, ainda dependendo dos PAPIs, já classificados como “vilões”. A boa nova é que no HOTRAN (Horário de Transporte Aéreo), consta que após 1º de junho a Azul utilizará o Embraer 195, jato com capacidade para 118 passageiros. Já a empresa Gol tem seu retorno programado para 17 de junho, inicialmente com o Boeing 737-770 para 138 passageiros. A grande novidade está programada para o dia seguinte, pois em 18 de junho a empresa utilizará pela primeira vez em Passo Fundo o Boeing 737-800, com capacidade para 186 passageiros.
Uma longa novela
Um sonho de voar, as deficiências operacionais, promessas, anúncios requentados de verbas e, por muitos anos, Passo Fundo viveu a expectativa de melhorias no Aeroporto Lauro Kortz. Licitações, badalações e em 2020 iniciaram as obras. Uma reforma, muita polêmica, alguns problemas técnicos e o inesperado: Passo Fundo e região ficaram fora da malha aérea regular por 470 dias. O último voo foi a Gol em 10 de janeiro de 2021, um domingo. A Azul, por conta da pandemia, interrompeu os serviços ainda no final de março de 2020. A pista foi fechada em 11 de janeiro do ano passado e reabriria em abril. Mas não reabriu. Os obstáculos foram parcialmente superados e, em 30 de março deste ano, a pista foi reaberta com restrições operacionais para jatos e à noite, à exceção de aeronaves militares ou pontualmente autorizadas, como no inexplicável caso do cantor Gusttavo Lima. Agora, com turboélice, a Azul disponibiliza dos voos diários e a aviação geral também usufrui da pista.
Asas para quem trabalha
- Ao desembarcar nesta segunda-feira, Elisandro Lazaretti, 45 anos, morador de Dourados/MS, contou que trabalha no setor do aço. Vem todo o mês para Passo Fundo. Quase um mil quilômetros. A alternativa era descer em Porto Alegre ou Caxias do Sul para seguir de carro até Passo Fundo. “Facilita muito, praticidade, economia de tempo”.
- Já Felipe Carvalho - 25 anos, mecânico metalúrgico é reside em Piracicaba - SP. Veio realizar um trabalho em Passo Fundo e também participar de uma feira em Bento Gonçalves. Viaja com frequência para a região. Com o aeroporto fechado, viajava cerca de 1 mil km com carro da empresa. “Era muito cansativo e demorado. Cerca de 15 horas de viagem. Hoje fiz em duas horas. Facilita muito, evita o desgaste físico. Economia de tempo e dinheiro. Muito bom esse retorno”.