Trabalhadores da Coleurb aprovam greve da categoria em protesto por reposição salarial

Apesar da decisão, ônibus circulam normalmente na terça-feira (17)

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Os motoristas e cobradores da Coleurb aprovaram a greve da categoria em protesto durante a negociação pela reposição salarial que está sendo discutida desde o dia 10 de maio.

Dos 193 votantes, 129 optaram pela paralisação, enquanto 47 pelo estado de greve; 15 por nenhuma das duas opções e dois trabalhadores votaram em branco. As urnas para a eleição foram abertas no início da manhã desta segunda-feira (16) e fechadas às 17h, segundo explicou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivo Urbano de Passo Fundo (SINDIURB), Luis Fernando Prichua. 

Apesar da majoritária pela greve, as linhas deverão circular normalmente na terça-feira (17) devido ao prazo legal de 72 horas que os representantes sindicais precisam observar pela atividade ser considerada essencial à população. "Agora, vamos informar o nosso jurídico e eles farão o comunicado à empresa e aos órgãos públicos. Temos uma reunião com a Codepas na quarta-feira (18) e logo depois a assembleia. Pode ser que entre todo mundo junto ou que haja alguma conversa [com a Coleurb] durante esse período", afirmou.

Diferente da proposta de reposição apresentada à Coleurb de 5% de acréscimo no salário-base e 10,8% referente à correção de inflação do mês de fevereiro, a porcentagem mediada com a Codepas é mais alta, explicou Prichua. "O índice do mês de março deu 11,73%. Pedimos isso e 5% de reposição, mas acreditamos que eles vão seguir a mesma linha da Coleurb. Nada ou quase nada", considerou.


Impactos orçamentários

Em nota enviada ao O Nacional enquanto os administradores e sindicalistas estavam em fase inicial de negociação, a Coleurb ressaltou o impacto orçamentário causado pela emergência sanitária da Covid-19 com a redução no fluxo de passageiros que utilizam a frota coletiva para deslocamento no município.

Em 2019, diz a concessionária, em média 45 mil passageiros passavam pelas catracas dos ônibus por dia. No início da pandemia, contudo, o número foi reduzido a 8 mil passageiros diários, representando uma queda de 82% no quantitativo de viajantes pagantes da tarifa para utilizar o transporte público em Passo Fundo. 

Em outubro de 2020, este número passou a 24 mil passageiros por dia, o que representa uma média de 50% da quantidade habitual transportada antes da pandemia. Até dezembro de 2021, não houve um crescimento significativo no número de passageiros transportados, ficando a média anual em 26 mil, de acordo com a empresa. Mesmo com a retomada das atividades produtivas e o retorno da circulação da população neste ano, a média de passageiros transportados até abril é estimada em 30 mil passageiros cotidianos, o que representa cerca de 65% da quantidade de 2019.

Em paralelo à redução mencionada pela Coleurb, os insumos necessários para manter a frota circulando tiveram um aumento de preços. “O diesel, por exemplo, somente em 2022, teve reajustes de cerca de 47% nas refinarias, impactando gravemente na saúde financeira da empresa. Na terça-feira, 10 de maio, foi anunciado um novo reajuste, de R$ 0,40 por litro”, argumentou a empresa. 

Os custos adicionais também forçaram um endividamento da concessionária de transporte urbano nos últimos dois anos, período no qual a empresa recorreu a empréstimos bancários “de valores vultuosos”, conforme a Coleurb, para suportar os reajustes concedidos de 3,92% no salário-base dos funcionários em 2020. “Em 2022, o reajuste concedido pelo Poder Público à tarifa [cujo valor por passagem passou a ser R$ 5,50] nem de perto gerou o necessário equilíbrio entre receita e despesas. Atualmente, considerando o número de passageiros transportados e o custo da operação, a empresa ainda opera em prejuízo, mês a mês, mesmo após o reajuste tarifário”, enfatizou a Coleurb. 

Ainda através do comunicado, a empresa considerou que o novo reajuste salarial, nos percentuais pretendidos, poderia “inviabilizar em definitivo a continuidade da operação”. “A empresa compreende a posição dos colaboradores, que têm justa expectativa em relação a reajustes periódicos de salário. Pondera, entretanto, que o momento é de trabalhar pela manutenção dos postos de trabalho e pela busca de alternativas que viabilizem a atividade das empresas que realizam o transporte público municipal”, ressalta a nota. 

Enfatizando que nunca fechou nenhum canal de diálogo com os representantes sindicais, a empresa apresentou uma contraproposta de incluir os 10,8% solicitados no vale-alimentação dos colaboradores.

Em um novo contato, no final da tarde desta segunda-feira (16), a empresa afirmou que "não foi informada oficialmente sobre nenhuma decisão até o momento. Assim, é preciso aguardar até amanhã para avaliar os desdobramentos".


*Notícia atualizada às 18h47min para acréscimo de informação sobre a Coleurb.


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