Entre duas telas, médico e paciente dialogam sobre sintomas, tratamento e cuidados para as mais diversas queixas que se apresentam no consultório virtual da Doutor Call. A startup, criada há dois anos pelo então acadêmico de Medicina da IMED, Jefferson Cunha, já realizou mais de 15 mil consultas virtuais nesta democratização de acesso ao serviço privado de saúde.
Ao cobrar valores mais acessíveis por cada atendimento, cujas tabelas variam entre R$ 79,90 a mais de R$ 100 reais, a ferramenta de telemedicina também aproxima os profissionais aos moradores de áreas remotas ou com restrições no alcance em consultas médicas, nutricionais e psicológicas. “Muitas pessoas não têm condições de pagar um valor mais alto e não tem como ficar na fila esperando, então acaba sendo uma saída para tentar auxiliar”, mencionou Jefferson.
Regulamentada em maio deste ano pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a prestação de serviços médicos mediados por tecnologias de comunicação experimentou uma procura ascendente, sobretudo, durante os meses mais agudos da pandemia. “Atendemos também colaboradores e pessoas na região de fronteira que voltam com receitas de medicações que não tem validade aqui no Brasil”, comentou o médico. “No começo, as pessoas tinham dúvidas de como receberiam as receitas e se o médico não examinaria. Agora, elas começaram a perceber que não é diferente e é até prático porque muitas farmácias estão mais adaptadas a receber [o receituário] de forma digital, além de não ter o risco de perder por ficar armazenada na nuvem”, observou.
Hub de inovação
Concebida durante o período de graduação, inicialmente para auxiliar no processo de triagem dos pacientes sintomáticos para coronavírus através de videochamadas, o projeto da Doutor Call foi impulsionado pela mentoria no espaço do hub de inovação da faculdade culminando em uma aliança com a rede de farmácias São João. “Este mercado de trabalho formal, como conhecíamos há 30 anos, já não existe mais para a maior parte das áreas do conhecimento”, frisou o presidente da IMED, Eduardo Capellari. “Nós definimos que um caminho, para o aluno que está realizando a graduação, é aquele em que ele possa se desenvolver ao longo da formação para que, ao final, consiga empreender e montar seu próprio negócio, e isso invariavelmente passa pela criação de uma startup”, ressaltou.
O protótipo, lembra o médico, foi criado em algumas horas durante a programação do Startup Weekend, cuja dinâmica habilita um certo tempo para que os participantes pensem em uma ideia e consigam realizar a primeira venda para validar o projeto. “No estágio prático do curso, quase finalizando, surgiu a liberação da telemedicina. Eu vi ali muita demanda de pessoas que precisavam de atendimento e ainda em dúvida sobre o vírus com ninguém sabendo muito bem sobre os sintomas ou o que fazer. Então, surgiu a ideia de montar uma central de triagem”, recorda Jefferson.
“Parte das soluções são criadas pelas startups”
As formas de ensinar mudaram e as de transferir o conhecimento ao mercado de trabalho acompanharam as transformações. Ao conectar o conhecimento ao empreendedorismo, a incubadora tecnológica presente no campus da IMED em Passo Fundo transforma ideias inovadoras em negócios sustentáveis, além de estimular os estudantes a pensar soluções de base tecnológica.
Além das nove empresas incubadas em diferentes setores, como Direito, Saúde e Negócios, o banco de mentores da instituição assessora os graduandos durante esse processo de criação de novos projetos. “Parte das soluções que a IMED, como instituição de ensino, demanda são criadas por startups. O aluno enxerga toda a retaguarda de uma empresa para um processo de transformação digital”, afirmou Eduardo Capellari. Ao experimentar um crescimento de iniciativas no interior da instituição, foi criada uma trilha de acompanhamento para aconselhar os melhores movimentos a serem feitos com cada proposta. “Em um segundo momento, aproximamos permanentemente esse empreendedor das fontes de recursos para a captação de investimento. É um caminho para ele se desenvolver ao longo da graduação”, ressalta Capellari.